Rahul Gandhi, líder da oposição na Índia, perde lugar no Parlamento

Gandhi era visto como principal opositor do primeiro-ministro, Narendra Modi, nas eleições de 2024, mas a condenação por difamação deverá impedi-lo de se candidatar.

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Apoiante do Congresso durante um protesto silencioso, na quinta-feira, em Bombaím DIVYAKANT SOLANKI/EPA

O Parlamento da Índia anunciou ter “desqualificado” o líder da oposição na Índia, um dia depois de Rahul Gandhi ter sido condenado a dois anos de prisão num caso de difamação que o seu partido, o Congresso Nacional Indiano, diz ter motivações políticas. Gandhi, que terminou em Janeiro uma marcha de cinco meses pelo país para relançar a sua imagem e a do partido, perde assim o seu lugar na câmara baixa do Parlamento.

"Porque é que todos os ladrões têm o apelido Modi? Nirav Modi, Lalit Modi, Narendra Modi", disse Gandhi em 2019, enumerando um empresário, um antigo presidente da principal liga de críquete da Índia (em fuga das autoridades) e o actual primeiro-ministro. Foi essa frase, num comício eleitoral, que lhe valeu a condenação, num tribunal de Gujarat, o estado natal de Modi. A queixa foi apresentada por um outro político de apelido Modi, Purnesh Modi, deputado estadual do partido no poder, o Bharatiya Janata (BJP), de Narendra Modi.

Gandhi foi libertado sob fiança e tem 30 dias para apresentar recurso, o que pretende fazer. Mas de acordo com uma decisão de 2013 do Tribunal Supremo, qualquer deputado condenado a dois ou mais anos de prisão perde de imediato o seu lugar. Agora, a não ser que seja, entretanto, ilibado ou que veja a sentença ser suspensa, o bisneto de Nehru e neto de Indira Gandhi não poderá candidatar-se às eleições do próximo ano, onde era visto como o principal adversário de Modi.

Vários líderes da oposição marcharam esta sexta-feira por Nova Deli em protesto empunhando uma grande faixa onde se lê “a democracia está em perigo”. De acordo com canais de televisão indianos, citados pela BBC, alguns foram detidos.

Outros partidos condenaram o veredicto, incluindo o Aam Aadmi: Arvind Kejriwal, ministro chefe de Deli, e responsável nacional do partido, denunciou "uma conspiração para afastar líderes políticos que não são do BJP através de processos nos tribunais". Pelo menos seis membros do Aam Aadmi (formado para combater a corrupção na Índia) foram detidos e acusados de corrupção.

Jairam Ramesh, membro do Congresso, descreveu o veredicto como “um caso político muito grave” que vai afectar “o futuro da democracia” na Índia. “Este é um grande exemplo das políticas de vingança, de ameaças, de intimidação e assédio do Governo de Modi.”

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