O ano de 2022 foi o mais quente de sempre no Reino Unido

Todas as estações do ano estiveram entre as dez mais quentes desde que começaram a ser feitos registos meteorológicos, em 1884, embora Dezembro tenha sido um mês frio. Julho teve temperaturas recorde.

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Peões numa ponte de Londres, a 19 de Julho, um dia de temperaturas recorde Tolga Akmen/EPA

Após um Verão marcado pelas temperaturas mais elevadas jamais registadas, o ano de 2022 deverá ser o mais quente de sempre no Reino Unido, segundo números provisórios avançados pelo Met Office, o equivalente britânico ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Além da onda de calor do Verão, todas as estações deste ano estiveram entre as dez mais quentes desde que começaram os registos meteorológicos no Reino Unido, em 1884. As estações mais quentes ocorreram todas desde 2003, diz um comunicado de imprensa do Met Office.

"Embora aquilo que ficou na lembrança de muitas pessoas tenha sido o calor extremo do Verão, o mais notável este ano foram as temperaturas consistentemente elevadas durante todo o ano. Todos os meses, excepto Dezembro, foram mais quentes do que a média", disse Mark McCarthy, responsável pelo Centro Nacional de Informação sobre o Clima do Met Office, citado no comunicado.

"Este tempo quente é condizente com os impactos que esperamos das alterações climáticas induzidas pela actividade humana. Embora isto não queira dizer que cada ano que passa vá ser o mais quente desde que há registo, as alterações climáticas vão fazer aumentar as hipóteses de acontecerem anos cada vez mais quentes, à medida que o tempo passa", acrescentou McCarthy.

O Met Office prevê que 2023 poderá vir a ser um dos anos mais quentes a nível global desde que há registos. Isto porque termina um ciclo de três anos do fenómeno climático La Niña, que quando está presente faz travar a subida das temperaturas.

​"No entanto, como vimos nas primeiras duas semanas de Dezembro, o clima ainda está sujeito a períodos frios significativos durante o Inverno. Mas os nossos dados e observações mostram que estes períodos se têm tornado menos frequentes e menos pronunciados, à medida que o clima aquece", sublinhou ainda McCarthy, fazendo referência ao último mês de 2022. As primeiras duas semanas de Dezembro foram as mais frias no Reino Unido desde 2010.

Mas em Julho de 2022 aconteceu o dia mais quente de sempre no Reino Unido, com a temperatura a exceder os 40 graus Celsius, e foi declarada seca em várias partes de Inglaterra, pela primeira vez desde 2018, acompanhando a tendência para a seca em grande parte da Europa no Verão que passou. Este Verão foi o décimo mais seco no Reino Unido desde que há registos. "Apesar da chuva recente, este ainda foi um ano seco na maior parte do país, sobretudo no Sul e no Leste", frisou McCarthy.

Os bombeiros municipais de Londres tiveram o dia mais ocupado desde a Segunda Guerra Mundial a 19 de Julho declararam esse dia como um "incidente grave", com centenas de bombeiros a combater focos de incêndio na capital britânica, que as elevadas temperaturas ajudaram a deflagrar.

O Met Office lançou pela primeira vez um alerta vermelho para temperaturas extremas em Julho para zonas de Inglaterra "onde mesmo pessoas saudáveis e em boa forma física podem sofrer doença súbita e morte, e não apenas pessoas de grupos de risco elevado".

"Se continuarmos a ter emissões elevadas [de gases com efeito de estufa], poderemos ter temperaturas como estas a cada três anos", alertou na altura o cientista do Met Office Stephen Belcher. A única maneira de estabilizar o clima seria atingir a neutralidade carbónica, sublinhou.

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