Portugueses procuram tratamento para a doença rara dos pulmões

A hipertensão arterial pulmonar é uma doença rara e das mais agressivas para os pulmões, provocando a deterioração do ventrículo direito e, como consequência, a morte prematura do doente.

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A hipertensão arterial pulmonar afecta cerca de duas dezenas de pessoas todos os anos em Portugal MANUEL ROBERTO

Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai iniciar no próximo mês um estudo científico com o objectivo de encontrar novas opções terapêuticas para a hipertensão arterial pulmonar.

Em causa está uma doença descrita como "a mais severa a nível da circulação dos pulmões", lê-se na informação enviada pela FMUP. Esta patologia, rara e de difícil diagnóstico, caracteriza-se pelo aumento da resistência vascular pulmonar, o que provoca a progressiva deterioração do ventrículo direito e, consequentemente, a morte prematura do doente.

Em Portugal, estima-se que esta doença tenha uma incidência anual de 1,5 a 2,2 casos por milhão de habitantes.

Segundo os investigadores, "apesar dos importantes avanços na compreensão dos mecanismos desta doença e do aparecimento de novas terapêuticas, a mortalidade mantém-se em números muito elevados".

O projecto propõe-se a decifrar o papel da relaxina-2, uma hormona descrita pela primeira vez pelos seus efeitos durante a gravidez. De acordo com os autores desta investigação científica, esta hormona "desempenha uma acção fundamental na adaptação da circulação sanguínea e renal durante a gravidez, em vários processos fisiológicos e fisiopatológicos a nível cardíaco, bem como a propriedades antidiabéticas e anti-inflamatórias, entre outras".

A FMUP aponta que este projecto, intitulado "Relaxina-2 e hipertensão arterial pulmonar: Papel fisiopatológico e potencial terapêutico", foi um dos contemplados no último concurso de projectos de investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. A investigação recebeu um financiamento de aproximadamente 50 mil euros.

O projecto terá início em Janeiro do próximo ano. O objectivo do estudo é responder a "uma necessidade médica urgente em obter novas opções terapêuticas que ofereçam maior eficácia clínica".

Os investigadores da FMUP esperam conseguir demonstrar que a via de sinalização a ser estudada terá uma acção importante na hipertensão arterial pulmonar e na hipertrofia e disfunção do ventrículo direito, alcançando, desta forma, um novo tratamento.

"A translação clínica dos resultados obtidos na hipertensão arterial pulmonar experimental é uma etapa crucial e, portanto, neste trabalho, planeamos também o papel dos níveis plasmáticos de relaxina-2 como preditor de severidade e prognóstico nos doentes", lê-se ainda no comunicado enviado.

Além da FMUP, estão envolvidos no projecto a instituição francesa Inserm, o RISE - Rede de Investigação em Saúde, bem como o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, do Porto. O investigador responsável chama-se Rui Adão e participam também, neste projecto, Fabrice Antigny, Cármen Brás Silva, Inês Vasconcelos, Joana Gomes, Adelino Leite Moreira, Luís Mendonça, Mariana Pintalhão, Mário Santos, Paulo Castro Chaves, Pedro Ferreira e Frédéric Perros.

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