Ministro da Defesa da China diz que o Exército chinês tem de estar “preparado para a guerra”

Wei integrou grupo de delegados do PCC que discutiu relatório apresentado por Xi no 20.º Congresso, e defendeu que a China tem de abraçar as posições do Presidente para “melhorar a sua capacidade para vencer”. Depois do Reino Unido, Austrália também investiga aliciamento chinês a ex-soldados.

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Wei Fenghe, ministro da Defesa Nacional da República Popular da China EPA/HOW HWEE YOUNG

“Em alerta máximo”, “sempre preparado para a guerra” e “determinado em defender a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do país”. É assim que o Exército de Libertação do Povo (ELP) tem de actuar, aos olhos do ministro da Defesa Nacional da República Popular da China, tendo em conta a “complexa e grave situação de segurança nacional” que o gigante asiático enfrenta.

Para o general Wei Fenghe, o ELP deve implementar o mais rapidamente possível os pensamentos e as posições estratégicas do Presidente e secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), Xi Jinping, de forma a “fortalecer as Forças Armadas e a melhor a sua capacidade para vencer”.

Citadas pela agência noticiosa chinesa Xinhua, as declarações de Wei foram proferidas num grupo de trabalho que juntou, nesta quarta-feira, delegados partidários ligados à Defesa e à Segurança para discutir o conteúdo do relatório que Xi apresentou ao plenário, no domingo, na abertura do 20.º Congresso do PCC, que decorre em Pequim.

O relatório defende a necessidade de a China acelerar o treino e a formação de soldados, o estabelecimento, em cinco anos, de um “forte sistema de dissuasão estratégica” — que dá a entender que se trata de investimento em armamento nuclear e o contínuo desenvolvimento de ferramentas e de capacidades de combate no campo da informação e da cibersegurança.

Outras intervenções de destaque na discussão sobre o relatório incluem a do general Li Zuocheng, membro da Comissão Central Militar do PCC, que disse que a China deve “acelerar a modernização do hard power do Exército chinês”.

O South China Morning Post enquadra estas tomadas de posição de figuras de proa do universo militar chinês no conflito geopolítico entre a China e os Estados Unidos e dá como exemplo a forma como os interesses das duas potências, e dos seus aliados, estão em confronto em Taiwan, no mar do Sul da China ou no mar Oriental da China.

Aliciamento chinês

As declarações de Wei aconteceram no mesmo dia em que o Governo australiano anunciou a abertura de uma investigação às denúncias sobre o alegado recrutamento de antigos pilotos da Força Aérea da Austrália por parte do ELP, através da TFASA (Test Flying Academy of South Africa), uma academia de formação de pilotos sul-africana que trabalha com a AVIC, uma das maiores empresas aeronáuticas da China.

Este é um novo capítulo de uma notícia avançada pela imprensa britânica, e confirmada na terça-feira pelos serviços de espionagem do Ministério da Defesa do Reino Unido, de que há pelo menos 30 antigos pilotos da Força Aérea britânica (RAF) a colaborar e a dar formação ao ELP.

Temendo o acesso chinês a informação confidencial da RAF e de outras entidades militares de países aliados do Reino Unido, o secretário de Estado das Forças Armadas do Governo britânico, James Heappey, anunciou a revisão imediata da legislação para limitar este número de casos.

“Ficaria profundamente chocado e perturbado se soubesse que há pessoal [militar] que foi aliciado por um Estado estrangeiro com um cheque em vez de servir o seu próprio país”, afirmou o ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro da Austrália, Richard Marles, citado pela Reuters.

Depois do caso britânico, já há denúncias de aliciamento chinês a antigos soldados australianos e neozelandeses um porta-voz do Exército da Nova Zelândia confirmou que quatro ex-soldados foram contratados pela TFASA, mas não revelou se estão a colaborar com o ELP.

Uma das denúncias na Austrália foi feita por um ex-secretário de Estado da Defesa, actual deputado da oposição, que diz ter conhecimento de pelo menos dois casos de ex-pilotos contactados por alguém ligado às Forças Armadas chinesas e que rejeitaram formar soldados da China.

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