Secretária de Estado garante que SIRESP “não falhou em 2022”

PSD, Chega, IL, PCP e BE questionaram Patrícia Gaspar sobre incêndios deste Verão.

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O SIRESP foi um dos pontos em que os partidos insistiram em questionar o Governo LUSA/MÁRIO CRUZ

A secretária de Estado da Protecção Civil, Patrícia Gaspar, assegurou que o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) “não falhou em 2022”, admitindo apenas que houve “ligeiros picos de atrasos na ordem de segundos” nas comunicações.

Patrícia Gaspar respondia aos deputados do PSD, Chega, Iniciativa Liberal, PCP e BE sobre o funcionamento do SIRESP, durante uma interpelação ao Governo agendada pelo Chega sobre as “sucessivas falhas no combate aos incêndios”.

“O SIRESP, enquanto sistema, não falhou em 2022”, afirmou, referindo que “foram identificadas falhas sérias em 2017” e nessa sequência foram “tomadas medidas” que permitiram melhorias.

Essas medidas, que passaram pela adopção de uma rede suplementar satélite, redundância do sistema de energia e robustecimento das estações base e aumento das estações móveis, permitiram que nos momentos de stress, como nos incêndios da serra da Estrela, Santarém e Leiria, “provocassem ligeiros picos de atrasos na ordem de segundos mas que nunca puseram em causa o funcionamento do sistema nem a existência de comunicações seguras”, assegurou Patrícia Gaspar, referindo que a conclusão é de um relatório do próprio SIRESP.

No arranque do debate, de que esteve ausente o ministro da Administração Interna, o líder do Chega, André Ventura, começou por assinalar precisamente essa falta. “Tenha vergonha, senhor ministro, e venha ao Parlamento para dar explicações”, desafiou, pedindo também a demissão de Patrícia Gaspar por causa das suas polémicas declarações sobre a área ardida expectável.

“Mais uma vez, o SIRESP não funcionou. Onde está o ministro? Não é onde está o Wally, é: onde está o ministro?”, questionou André Ventura, dirigindo-se à bancada do Governo, onde só compareceu a ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, além da secretária de Estado da Administração Interna.

Depois de Ventura, também o deputado da Iniciativa Liberal Rui Rocha insistiu na ideia de que “o SIRESP é uma longa história de omissões, tragédias na sua gestão” e que “o SIRESP não funcionou”. A deputada comunista Alma Rivera lançou a pergunta de “um milhão de euros”: “Quando é que o SIRESP deixa de ser notícia?” “Agora, o MAI diz que são os bombeiros que não sabem usar mas o Governo é que é o responsável”, apontou, interpelando o executivo sobre as medidas que vai tomar para que o sistema funcione.

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, por seu turno, identificou um padrão de respostas do Governo. A secretária de Estado da Protecção Civil veio dizer que “ardeu pouco”, o SIRESP “falhou pouco” e “faltam poucos professores”, cortam “pouco as pensões”. “Não é o Governo do foi pouco, é o Governo faz pouco”, apontou.

Pela bancada do PSD, o deputado João Moura desafiou Patrícia Gaspar a explicar porque é que culpou “os bombeiros voluntários relativamente à utilização de rádios SIRESP”.

Outro ponto central nas interpelações dos deputados incidiu sobre as declarações de Patrícia Gaspar quando disse que, segundo as contas do Governo e o algoritmo, a área ardida esperada este Verão seria superior em 30%. “Não é expectável pensar que alguém que dedicou 22 anos à protecção civil se possa regozijar com um hectare de área ardida que seja. Foi apenas uma má interpretação”, disse, referindo que a sua intenção era “apenas valorizar o trabalho de homens e mulheres” no terreno.

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