Associação de Protecção Civil diz que rede SIRESP “falha todos os dias”

Presidente da Associação de Protecção Civil desmentiu as declarações da secretária de Estado da Administração Interna, que horas antes tinha garantido que não tinham existido falhas da rede durante os incêndios de Julho em Leiria, mas uma “má utilização dos equipamentos de rádio”.

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No início de Julho ocorreram três incêndios de grande dimensão no distrito de Leiria Adriano Miranda

O presidente da Associação de Protecção Civil afirmou este sábado que existem falhas diárias no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) e que a rede falhou nos incêndios de Leiria. João Saraiva desmentiu as declarações da secretária de Estado da Administração Interna, que horas antes tinha garantido que não tinham existido falhas da rede durante os incêndios de Julho em Leiria, mas uma “má utilização dos equipamentos de rádio”.

“Ouvimos hoje [sábado], a secretária de Estado afirmar algo que não corresponde à verdade, afirmar que o SIRESP não falhou. E o que nós podemos assegurar, e é corroborado pelos operacionais que estão no terreno e por comandantes de corporações de bombeiros, é que o SIRESP falhou. Não apenas em Leiria, tem falhado todos os dias”, afirmou João Saraiva, em entrevista à CNN Portugal.

À margem de um evento em Vilar Formoso, a secretária de Estado da Administração Interna Patrícia Gaspar afirmou, em declarações aos meios de comunicação, que “não houve falhas no sistema SIRESP”. “O que aconteceu, e tive a oportunidade já hoje de explicar, foi um teatro de operações de grande complexidade, com muitos operacionais - estamos a falar de centenas de operacionais -, em que houve em determinados momentos uma má utilização dos equipamentos de rádio”.

Questionado sobre estas declarações, o presidente da Associação de Protecção Civil disse que não tinha forma de as classificar a não ser “como sendo falsas”. “O Governo tem conhecimento disto há muito tempo. O Governo tem de aumentar o número de unidades de rádio nas estações retransmissoras para aumentar a capacidade. São necessários recursos humanos suficientes nos postos de comando para garantir todo o fluxo de tráfego”, disse ainda.

Na sexta-feira, numa resposta enviada à Lusa, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) esclareceu que a rede SIRESP teve “constrangimentos pontuais” durante os incêndios em Leiria este mês, que foram “colmatados” rapidamente. “No período temporal em que ocorreram três incêndios de grande dimensão no distrito de Leiria, foram reportados à ANEPC constrangimentos pontuais na rede SIRESP, motivados por uma sobrecarga da rede devido a uma deficiente utilização da mesma, e não associados a qualquer problema da estrutura da rede”, disse.

Na mesma entrevista ao canal televisivo e dando exemplos dos problemas da rede SIRESP, João Saraiva afirmou que há situações em que “os operacionais da emergência pré-hospitalar entram num edifício e têm de recorrer ao telemóvel” e que “quando não há rede, têm de vir ao exterior para ter comunicação”. “Um sistema de comunicações de emergência em que precisamos de um sistema paralelo de telemóvel não é um sistema de emergência”, defendeu.

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