Turismo do Algarve propõe reduzir água em fontes, piscinas e espaços verdes

Proposta feita aos empreendimentos turísticos surge poucas semanas depois de o Governo ter anunciado o racionamento de água nos hotéis algarvios.

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Campo de golfe no Algarve Rui Gaudêncio

A Região de Turismo do Algarve (RTA) propôs aos empreendimentos turísticos reduzir ou eliminar fontes ornamentais, diminuir a rega dos espaços verdes ou renovar a água das piscinas como medidas de contingência para responder à situação de seca.

Em declarações à agência Lusa, João Fernandes, presidente da RTA, referiu que as propostas, concertadas com associações empresariais do sector e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), juntam-se a um leque diversificado de acções que já vêm a ser adoptadas no turismo e na hotelaria para reduzir consumos de água.

“Nós enviámos medidas que versam [sobre] várias áreas de actuação do sector turístico, especialmente a hotelaria, porque os golfes já estão num trabalho mais fino, fruto de um trabalho que começámos em 2020 com o Plano de Eficiência Hídrica [do Algarve]”, indicou João Fernandes, justificando a adopção destas medidas com o facto de a região se encontrar “numa situação de contingência, em que há um grande stress hídrico, provocado por uma situação preocupante e prolongada de seca”.

Mas “não houve nem nunca estiveram em equação medidas de corte do consumo para abastecimento humano”, ressalvou o presidente da RTA. “É muito importante dizer isto, porque nem turistas nem residentes vão ter, até Outubro do próximo ano, cortes de abastecimento de água para consumo humano.”

João Fernandes explicou que foi definido “um conjunto de medidas de contingência a adoptar pelos empreendimentos turísticos”. Estas medidas surgem para se conseguirem “ganhos de eficiência hídrica, por um lado, e reduções de consumo, por outro”. Paralelamente, é recomendado “o uso de fontes alternativas de água”, com um “maior equilíbrio entre a captação de água superficial e subterrânea”, consoante a disponibilidade de cada zona.

A proposta da RTA foi “balizada” em “quatro áreas”, como a gestão (os empreendimentos turísticos dizem estar dispostos a realizar auditorias regulares ao consumo de água”) e o “envolvimento de clientes e staff na detecção de perdas”, permitindo a “adopção de práticas mais responsáveis na utilização da água”.

O reforço da informação aos clientes sobre “procedimentos para mudança de lençóis e toalhas, estabelecendo um período mínimo de utilização de toalhas de dois dias”, assim como a formação de trabalhadores de secções específicas (como lavandarias) para adoptar comportamentos que fomentem a poupança de água são outras das vertentes das propostas da RTA.

João Fernandes lembrou que o sector já vem a adoptar medidas neste campo, socorrendo-se de redutores de caudais ou instalando autoclismos de dupla descarga ou temporizadores de torneiras, mas é preciso, cada vez mais, “utilizar água de qualidade inferior para regas e lavagens”, ou “melhorar a limpeza de filtros de piscinas e o tratamento da água para evitar a necessidade de renovação da água”.

É também preciso, segundo o responsável, “reduzir ou adaptar as técnicas de limpeza de zonas públicas, evitando lavagens com mangueira ou máquina de pressão, reduzir ou até mesmo anular o funcionamento de fontes ornamentais e acelerar medidas na área da rega que levem a maior eficiência — como instalar contadores por várias secções —, para se detectar perdas e analisar melhor consumos, e privilegiar a utilização de espécies endógenas em espaços verdes, com menor necessidade hídrica”.

O presidente da RTA fala da “necessidade de acelerarmos a implementação dos processos de eficiência hídrica e de, por causa do “​stress hídrico pontual neste Verão”, serem aplicadas medidas mais de curto prazo — como é o caso das fontes ornamentais, da rega dos espaços verdes ou da renovação da água das piscinas”.

Quanto ao golfe, João Fernandes destacou o esforço que está a ser feito para aumentar a rega com águas residuais tratadas. Esse esforço visa multiplicar, até ao final de 2023, o valor total de água utilizada de um hectómetro cúbico para oito.

O presidente da RTA destacou ainda a “redução da área do jogo para haver menos área regada, a mudança de relva para relvas de estação quente, com menos consumo de água”, ou “melhorias de eficiência da própria rega e drenagem, criando pontos comuns de confluência da água” como outras das medidas a adoptar no golfe, que, disse, já é “dos produtos turísticos mais sustentáveis ambientalmente”.

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