Há 40 campos de golfe no Algarve a usarem água potável?

Com 67,9% do país sob seca severa, os campos de golfe atraem atenções por ainda quase nenhum usar água residual para regar os espaços verdes. No Algarve, o consumo de água representa 6,4% do total, mas Pedro Filipe Soares levou o tema ao debate do Estado da Nação e pediu que se mude o tipo de rega.

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Os dados mais recentes do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) - relativos ao final de Junho – mostram que 28,4% do território está sob seca extrema e 67,9% sob seca severa Rui Gaudêncio

A frase

“No Algarve temos 40 campos de golfe que usam água potável – água que poderíamos beber e que faz falta às populações, numa região que está a ratear a água para consumo humano.”

Pedro Filipe Soares, deputado e líder parlamentar do Bloco de Esquerda

O contexto

Numa intervenção no debate desta quarta-feira sobre o Estado da Nação, o deputado bloquista Pedro Filipe Soares lembrou o estado de seca do país e criticou que a opção de rega dos campos de golfe na região do Algarve seja com água potável e não o recurso às águas reutilizadas das estações de tratamento de águas residuais (ETAR).

Os factos

Ao PÚBLICO, o presidente do Conselho Nacional das Empresas do Golfe, Luís da Silva, esclarece que dos 40 campos de golfe do Algarve “só um é que consome águas residuais ou reutilizadas” na totalidade e outro que “consome água reutilizada e água de furo”, respectivamente, o campo de golfe dos Salgados, em Albufeira, e o de São Lourenço na Quinta do Lago.​ E argumenta que, no Algarve, a água utilizada nos restantes campos “não é água de consumo humano”, mas “água de furo” (que pode ser também utilizada para os animais).

Luís da Silva destaca ainda que, de acordo com o estudo Bases do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, realizado pela Agência Portuguesa do Ambiente, os campos de golfe representam um consumo de “apenas 6,4% do volume total de água” captada no Algarve.

Ao mesmo tempo, o responsável destaca que não é a totalidade dos campos de golfe que é regada. “Temos uma eficiência de consumo que é das mais altas do país inteiro”, afirma. E apela que se olhe para o consumo de água pelos espaços verdes das autarquias e pelas explorações agrícolas (56%) – nomeadamente de abacate, destinado maioritariamente à exportação –, vincando que estas têm um impacto “muito mais significativo”. E reitera a disponibilidade dos campos de golfe para utilizarem as águas residuais: “Só estamos à espera de que haja condições.”

Em resumo

Entre os 40 campos de golfe que existem no Algarve, dois recorrem a águas residuais ou reutilizadas, ou seja, águas de esgotos que já foram tratadas. Um deles usa estas águas e também água vinda de furos, que também pode ser usada para consumo humano.

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