Seca: há zonas de Portugal que chegaram ao ponto de “emurchecimento permanente”

Ano hidrológico é o segundo mais seco desde 1931, com valores de precipitação inferiores ao normal em quase todos os meses, à excepção de Março.

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Imagem de drone da Barragem de Vilar-Tabuaco, rio Tavora e a aldeia da Faia Miguel Manso

O mais recente relatório de monitorização da seca em Portugal dá conta de uma diminuição dos valores de percentagem de água no solo em todo o território, com zonas do país em ponto de “emurchecimento permanente” – um conceito relacionado com valores elevados de desidratação da vida vegetal, que acaba por murchar.

Com dados relativos ao passado dia 15 de Julho, esta monitorização do Instituto Português do Mar e da Atmosfera destaca a diminuição dos valores de percentagem de água no solo em todo o território, especialmente grave nas regiões do interior Norte e Centro, no Vale do Tejo e nos distritos de Castelo Branco, Setúbal, Beja e Faro, com áreas nas quais os valores são “inferiores a 10% e iguais ao ponto de emurchecimento permanente”.

De resto, mantém-se a situação de seca meteorológica em todo o território, verificando-se, em relação ao final do mês passado, um aumento da área em seca extrema, em particular na região Sul, no Vale do Tejo e nalguns locais do interior Norte e Centro. Há 50,8% do país em situação de seca severa e 48,9% em seca extrema. Apenas 0,3% ainda se encontra em seca moderada.

Considerando o período de Outubro a Julho, o ano hidrológico 2021/22 é considerado, até à data, como o segundo mais seco desde 1931, depois do de 2004/05, com valores de precipitação inferiores ao normal em quase todos os meses, à excepção de Março, altura em que choveu mais do que o habitual.

A previsão para as próximas semanas não difere deste cenário, com uma tendência para tempo mais seco na região Norte.

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, anunciou nesta sexta-feira um conjunto de novas medidas para a redução do consumo de água, nomeadamente no Algarve e em Trás-os-Montes. Seguem-se a outras 78 medidas já tomadas desde 1 de Fevereiro.

No sul do país, terão como foco a redução de consumos nos empreendimentos turísticos, nomeadamente aqueles com grandes exigências a este nível, como os campos de golfe e outros espaços verdes. O governante disse que já foi realizada uma reunião entre a Agência Portuguesa do Ambiente e empresários do ramo hoteleiro, onde se definiu “um racionamento; um limite para o consumo de água”. Não está prevista a imposição de limites ao consumo humano.

Já no que toca à região mais a norte, as medidas do Governo focam-se, essencialmente, no reforço de vários sistemas de abastecimento, como por exemplo o sistema do Alto Rabagão.

Duarte Cordeiro referiu ainda que, das 31 albufeiras para fins múltiplos em situação crítica em vigilância, dez mantiveram o volume armazenado e apenas duas reduziram o armazenamento em mais de 5% desde 21 de Junho.

Já a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, anunciou um pacote de apoios de 24,5 milhões de euros para que agricultores se possam candidatar para instalarem sistemas de precisão e ter um uso mais eficiente da água.

“Até final do mês disponibilizaremos recursos financeiros para melhorar a eficiência hídrica no aproveitamento hidroagrícola do Mira, com a construção de uma nova estação elevatória e com a reabilitação de todo o canal principal, que inclui a colocação de painéis fotovoltaicos para evitar a evapotranspiração e permitir que o sistema seja sustentável”, acrescentou a governante.

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