Com 34% do país em seca severa, Governo vai lançar campanha para o uso eficiente da água

Sete barragens estão a funcionar com grandes restrições, que implicam por exemplo reservá-las para o abastecimento da rede pública. “Temos de nos habituar a viver com menos água”, disse o ministro do Ambiente.

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Os ministros do Ambiente, Duarte Cordeiro, e da Agricultura, Maria do Céu Antunes TIAGO PETINGA/Lusa

Com 34% do país em seca severa e 66% em seca extrema, o Governo vai lançar a partir de Julho uma campanha para promover o uso mais eficiente da água, anunciou esta terça-feira Duarte Cordeiro, o ministro do Ambiente e da Acção Climática, numa conferência de imprensa com a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes. “Temos a situação relativamente controlada, mas este é um ano particularmente difícil”, sublinhou o governante.

Os ministros falavam após a oitava reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que avaliou a meia centena de medidas de contingência lançadas na última reunião, a 1 de Fevereiro, e preparou um pacote de iniciativas para compensar os efeitos desta seca. “Esta é a pior seca desde 1931 – embora os valores de 2005 sejam praticamente iguais”, disse Maria do Céu Antunes. São necessárias medidas para gerir a água, que têm passado pela suspensão da produção de energia em barragens e, em alguns casos, reserva da água para abastecimento humano, explicou. Estão ainda a ser lançados investimentos para aproveitar melhor as águas.

“Das 44 albufeiras que monitorizamos com sistemas hidro-agrícolas colectivos, 37 têm níveis de armazenamento que asseguram a campanha de rega de 2022. Mas isso acontece porque foram lançados planos de contingência, e a água está a ser usada de forma muito criteriosa”, afirmou Maria do Céu Antunes.

Outras sete funcionam com restrições: no Norte, Arcossó e Vale Madeiro. No Alentejo e Algarve, Bravura, Santa Clara, Campilhas, Fonte Serne e Monte da Rocha.

“A Bravura [Lagos] está dedicada só para abastecimento público e os ministérios da Agricultura e do Ambiente trabalharam para se poder usar o volume morto [a reserva de água mais profunda das albufeiras]”, exemplificou Maria do Céu do Antunes. Por outro lado, foram reabilitados dois furos para permitir ter água para os animais e regar as culturas permanentes.

Já na barragem de Santa Clara, no rio Mira, ainda está a ser usada água para rega. “Mas antes eram usados 3500 metros cúbicos de água por hectare, e agora usam-se no máximo 2000 metros cúbicos. Isto tem um impacto muito grande na produção agrícola”, adiantou a ministra. Foi ainda lançado um concurso para a construção de uma estação elevatória, no valor de seis milhões de euros, disse Maria do Céu Antunes.

Ambos os ministros passaram a mensagem de que é preciso reduzir os consumos, melhorar a eficiência na gestão da água e aumentar reutilização das águas residuais. “Temos de nos habituar a viver com menos água, e isto é válido para todo o território, para além das zonas de maior incidência da seca”, afirmou Duarte Cordeiro.

Até ao fim de Setembro, as reuniões desta comissão realizar-se-ão mensalmente, disse o ministro. Salientou ainda que tem havido uma estreita colaboração com Espanha no âmbito da Convenção de Albufeira – um acordo entre Portugal e Espanha referente às bacias hidrográficas dos rios transfronteiriços (Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana). “Mas também há um impacto muito significativo da seca em território espanhol”, salientou Duarte Cordeiro.

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