Fogo gigante aproxima-se das sequóias do Parque Nacional de Yosemite

Incêndio que deflagrou na última sexta-feira, na localidade de Midpines (na Califórnia), já queimara 6300 hectares — bastante mais de metade da área da cidade de Lisboa — até este domingo à noite.

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Departamento de Silvicultura e Protecção contra Incêndios da Califórnia está a investigar as origens do fogo em Midpines PETER DA SILVA/EPA

Um incêndio que deflagrou na última sexta-feira, perto da localidade californiana de Midpines, nos Estados Unidos, está a aproximar-se do Parque Nacional de Yosemite, que cobre uma área de cerca de três mil quilómetros quadrados e abriga um vasto bosque de sequóias-gigantes (Sequoiadendron giganteum). Até este domingo de manhã, seis mil pessoas haviam sido instadas pelas autoridades a evacuar as suas habitações.

Quando deflagrou, o fogo ainda estava a mais de 16 quilómetros do Parque Nacional de Yosemite. Mas está a ser muito difícil travar um incêndio que, até este domingo à noite, já consumira pouco mais de 6300 hectares de floresta — o que, em termos de área, corresponde a mais de metade do tamanho de Paris, destaca a agência Reuters. Fazendo outras contas, corresponde a cerca de 75% da área da cidade de Lisboa.

O Departamento de Silvicultura e Protecção contra Incêndios da Califórnia (o corpo de bombeiros Cal Fire), que está neste momento a investigar a origem do incêndio, explicou que, apesar de num primeiro momento terem sido mobilizados muitos recursos para tentar controlar as chamas — a dada altura, terão estado no terreno mais de dois mil bombeiros, ajudados por helicópteros e bulldozers —, o fogo evoluiu de forma atípica. “Ele flanqueou-nos com muita rapidez”, reportou Justin Macomb, do Cal Fire. “Nunca na minha carreira tinha visto um incêndio a revelar este tipo de comportamento”, afirmou ainda o responsável, citado pela Reuters.

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A Califórnia está a enfrentar a segunda seca extrema em uma década: as condições ambientais adversas têm dificultado o trabalho dos bombeiros PETER DA SILVA/EPA

As condições ambientais estão a dificultar o trabalho dos bombeiros — e, paralelamente, a ajudar à expansão das chamas. O estado da Califórnia tem passado parte deste ano a enfrentar a segunda seca extrema em uma década. As temperaturas estão muito altas (este domingo, os termómetros davam conta de qualquer coisa como 38 graus Celsius) e há pouca humidade na atmosfera. Além disso, têm sido registados ventos fortes e a vegetação encontra-se seca, o que facilita a propagação do fogo.

Além das dezenas de casas e zonas comerciais que já foram destruídas pelo incêndio, há ainda mais de duas mil residências e infra-estruturas que se encontram ameaçadas. Fontes citadas pelo jornal Los Angeles Times adiantam que controlar o incêndio poderá vir a requerer “mais de uma semana”. No último sábado, foi declarado estado de emergência no condado californiano de Mariposa, onde fica a localidade de Midpines.​

As sequóias-gigantes do Parque Nacional de Yosemite, que nalguns casos são anciãs, tendo cerca de três mil anos, já haviam sido ameaçadas por outro incêndio florestal no início de Julho, mas os bombeiros conseguiram controlar esse fogo, que, segundo o Los Angeles Times, terá consumido cerca de 1965 hectares.

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Controlar o incêndio poderá vir a requerer "mais de uma semana", dizem fontes citadas pelo Los Angeles Times PETER DA SILVA

Incêndios preocupantes na Grécia

Na ilha grega de Lesbos, as chamas também têm motivado preocupação. Até este domingo à tarde, já haviam sido retirados mais de 450 habitantes locais e turistas, devido a um incêndio que deflagrou na manhã do último sábado e tem atacado o município costeiro de Vatera, um destino turístico popular.

Este domingo, as autoridades disseram que uma das frentes desse fogo parecia estar a ser travada com sucesso. Mas o canal de televisão grego ERT World reportava este domingo que, até há pouco menos de 24 horas, o incêndio já havia provocado danos em mais de 25 edifícios.

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Incêndio florestal na localidade grega de Krestena EUROKINISSI/Reuters

Noutra parte da Grécia, centenas de operacionais tentam evitar que as chamas consumam ninhos de abutres-pretos (Aegypius monachus) no Parque Nacional Dadia-Lefkimi-Soufli. O incêndio deflagrou já na última quinta-feira e está a preocupar o Governo. “Toda a Grécia está com os olhos postos no Parque Nacional Dadia-Lefkimi-Soufli e temos de cumprir o nosso dever, que é proteger esse ecossistema precioso”, sublinhou, este domingo, Christos Stylianides, ministro para a Crise Climática e a Protecção Civil da Grécia.

O Parque Nacional Dadia-Lefkimi-Soufli pertence à rede europeia Natura 2000, que compreende territórios em que podem ser avistadas (e estão a ser protegidas) espécies de aves ameaçadas. O abutre-preto, uma ave de rapina de grandes dimensões, pode ser encontrado em território português, mas está criticamente em perigo.

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