O PSD votou sempre a favor das moções de censura do CDS, como disse André Ventura?

A afirmação foi feita pelo presidente do Chega em entrevista à SIC Notícias, depois de a moção de censura ao Governo entregue pelo partido ter sido chumbada no Parlamento.

Foto
André Ventura é presidente e deputado do Chega LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A frase

“O PSD votou sempre ao lado das moções de censura do CDS.”

André Ventura, presidente e deputado do Chega

O contexto

O Chega avançou no dia 1 de Julho com uma moção de censura ao Governo — a segunda do partido — em consequência do “caos na saúde”, da “crise nos combustíveis” e da “falta de articulação no seio do Governo e desautorização e fragilização extrema de alguns ministros”, que acabou chumbada no Parlamento, com os votos contra das bancadas da esquerda e dos deputados únicos e a abstenção da direita.

Em entrevista à SIC Notícias, esta quarta-feira, o deputado André Ventura "convidou” os portugueses a verem as moções de censura do passado e declarou que, contrariamente à posição que tomaram na votação desta moção do Chega, os sociais-democratas votaram sempre favoravelmente as moções do CDS, que foi durante décadas a segunda força política de direita do país como o Chega é agora.

Isto porque “o CDS nunca foi uma ameaça para o PSD”, ao contrário do Chega, considerou Ventura, dando a entender que o partido de Montenegro não apoiou a moção do Chega por “medo”, como já tinha referido no debate da Assembleia da República sobre a moção.

Os factos

Ao longo dos 47 anos anos em que o CDS teve representação parlamentar, os democratas-cristãos apresentaram sete moções de censura e o PSD não votou favoravelmente a três delas.

Recuando até à terceira legislatura da história democrática, encontra-se a primeira, relativa ao segundo Governo de Mário Soares, em 1984, altura em que os sociais-democratas se colocaram ao lado do PS e não dos centristas.

O mesmo aconteceu em 1994, no Governo de Cavaco Silva, tendo o PSD sido, aliás, o único partido a votar contra a moção de censura do CDS. Já em 2008, no Governo de José Sócrates, os sociais-democratas abstiveram-se, colocando-se ao lado da esquerda.

As excepções são as moções de censura ao Governo de Guterres em 2000, de Sócrates em 2009 e, mais recentemente, de 2017 e 2019, nos Governos de António Costa, em que os partidos anteriormente coligados durante os anos de Passos Coelho se alinharam no voto contra.

Em suma

Ao contrário do que afirmou o líder e deputado do partido Chega, André Ventura, o PSD não votou sempre ao lado das moções de censura que o CDS apresentou no Parlamento, verificando-se três casos em que votaram contra ou se abstiveram.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários