Portugal é de confiança, tem “estabilidade política” e contas certas, diz Costa

António Costa defendeu, em discurso na Alemanha, a propósito da presença de Portugal na Feira Industrial de Hannover, que o país tem as condições para estar na linha da frente da transição digital e da aposta em energias renováveis.

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António Costa em discurso para assinalar a presença deste ano de Portugal como país convidado na Feira Industrial de Hannover LUSA/MIGUEL A. LOPES

O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira, perante várias dezenas de empresários alemães, que Portugal é um país de confiança, sendo um dos poucos com estabilidade política e que apresenta uma trajectória de consolidação orçamental mesmo na actual conjuntura internacional.

Esta posição foi assumida por António Costa no final de um jantar promovido pela Câmara do Comércio e Indústria Luso Alemã, que se destinou a assinalar a presença deste ano de Portugal como país convidado na Feira Industrial de Hannover, uma das maiores do mundo.

Num discurso com cerca de 30 minutos, perante uma plateia de empresários, o líder do executivo socialista reconheceu a dificuldade da actual conjuntura internacional, mas defendeu a tese de que Portugal tem uma posição geográfica ideal para estar na linha da frente da transição digital, é forte na aposta das energias renováveis, superou um antigo défice ao nível das qualificações e tem por aplicar os fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030.

“Para além da posição geográfica, para além do capital humano, para além das oportunidades de financiamento, a verdade é que temos um quadro institucional, geopolítico e financeiro que pode ser um factor adquirido de confiança. Portugal tem estabilidade política, como raros países têm”, acentuou o primeiro-ministro.

Neste contexto, António Costa advogou que Portugal será “o quarto país mais seguro do mundo — e em tempos de guerra isto não é pouco — e tem conseguido manter uma trajectória firme de consolidação das contas públicas”. “Apesar de o Pacto de Estabilidade estar suspenso, já no ano passado conseguimos ficar abaixo do limiar dos 3% de défice e este ano ficaremos seguramente abaixo ou pelo menos muito próximo do objectivo, um défice de 1,9%”, declarou.

De acordo com o líder do executivo, em 2021, apesar dos apoios extraordinários concedidos pelo Estado para o combate à covid-19, “Portugal conseguiu retomar a inversão do peso da dívida no Produto Interno Bruto (PIB)”. “Com confiança podemos dizer que chegaremos com um rácio da dívida do PIB de 100% no final desta legislatura. Podemos continuar a manter os objectivos mesmo neste cenário de incerteza que nos rodeia, o que é um factor muito importante de confiança. Neste contexto, as agências de rating têm continuado a melhorar o Outlook sobre Portugal”, completou.

No seu discurso, António Costa advogou que Portugal tem a sétima inflação mais baixa do conjunto da zona euro, “essencialmente por causa de um factor e que tem a ver com a intensidade da utilização das energias renováveis. “Cerca de 60% da luz que consumimos já vem de fontes renováveis e daqui a quatro anos já será 80% de fontes renováveis, o que nos poupa a ter de discutir, como outros, se é necessário ou não dar passos atrás no processo de descarbonização da economia”, assinalou.

Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que nos últimos dois leilões de energia solar o país obteve em dois anos sucessivos “o recorde mundial do preço mais baixo, o que nos permite estar na linha da frente dos investimentos para a produção de hidrogénio verde, que é decisivo para as indústrias intensivas no consumo de gás”. “Ora, o hidrogénio verde é um gás renovável, limpo, descarbonizado e que pode assegurar o futuro”, defendeu.

Mas António Costa foi ainda mais longe em defesa das vantagens competitivas de Portugal, dizendo que “o lastro mais pesado”, que tinha a ver com as qualificações, “é um lastro que as novas gerações não vão ter de suportar”. “Temos hoje o capital humano, que se junta à trajectória de crescimento, à oportunidade do ponto de vista da energia, à conectividade digital, para sermos um país não só parceiro da Feira de Hannover, mas um país que efectivamente pode ser parceiro neste reposicionamento das cadeias de valor na Europa”, sustentou. Segundo o primeiro-ministro, esta “é uma oportunidade que Portugal tem”.

“E das duas uma: Ou a agarramos, ou não agarramos. Portanto, só há uma alternativa, que é a de agarrar esta oportunidade. Sabemos bem que os tempos têm imensos desafios, uma guerra, um ciclo inflacionista forte, mas também sabemos que, independentemente da gravidade do momento, já houve outros momentos de enorme gravidade que tivemos de enfrentar”, acrescentou.

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