Falsa advogada cobrava 600 euros para obter autorizações de residência junto do SEF
Só o Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados tem actualmente pendentes 326 processos por procuradoria ilícita.
Uma mulher, que se fazia passar por advogada, foi condenada pelo Juízo Local Criminal de Oeiras-Juiz 1, a uma pena de 120 dias de multa, à taxa diária de sete euros, perfazendo o montante total de 840 euros e ao pagamento de indemnização de dois mil euros ao Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados, pela prática dos crimes de usurpação de funções e de procuradoria ilícita.
Segundo um comunicado do Conselho Regional de Lisboa, em causa está o facto da mulher se fazer passar por advogada e cobrar 600 euros para obter autorizações de residência junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Ou seja, recebia dinheiro de clientes e agia em sua representação, sem qualquer habilitação para o fazer.
A falsa advogada foi denunciada ao Conselho regional de Lisboa a 16 de Outubro de 2018, tendo-lhe sido instaurado um processo de prática de procuradoria ilícita, seguido de participação criminal.
Em comunicado, o Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados afirma que “irá sempre estar na primeira linha do combate à Procuradoria Ilícita, exercendo de forma rigorosa, vigilante e intransigente, as competências que estatutariamente lhe são atribuídas na defesa dos superiores interesses dos cidadãos e dos actos próprios das Advogadas e dos Advogados portugueses, contribuindo sempre para a credibilização e prestígio da Advocacia”.
Segundo dados da Ordem dos Advogados, só o Conselho Regional de Lisboa tem actualmente 326 processos pendentes, na secção de procuradoria ilícita, nos quais, em 90% dos casos, os visados são empresas de consultadoria, de gestão de condomínios, de cobrança de dívidas, gabinetes de contabilidade, TOCS, sociedades de mediação imobiliária e advogados com inscrição suspensa e ou cancelada.
Para se ter uma ideia, só nos primeiros quatro meses de 2022, foram recepcionadas 118 participações que levaram à instauração de 104 processos de procuradoria ilícita e averiguação preliminar.
No ano passado, foram recebidas 216 participações que motivaram a instauração de 139 processos de procuradoria ilícita e de averiguação preliminar enquanto em 2020 foram recebidas 285 participações que deram origem a 160 processos.