Putin diz que objectivos de invasão da Ucrânia são “nobres”

O Presidente russo encontrou-se com o homólogo bielorrusso e desvalorizou o impacto das sanções na economia.

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Vladimir Putin durante a vista ao cosmódromo de Vostochni SPUTNIK / Reuters

O Presidente russo, Vladimir Putin, manteve a postura desafiante e afirmou que os seus objectivos na Ucrânia são “nobres” e que a invasão lançada sobre o país vizinho era “inevitável”.

Putin repetiu a narrativa que tem sido usada para justificar a invasão da Ucrânia, no final de Fevereiro, com o argumento de que foi a única opção perante o “genocídio” que as forças ucranianas estariam a cometer sobre a população russófona. Não existe qualquer evidência de que isso estivesse a acontecer e, na verdade, desde que a Rússia lançou a invasão, acumulam-se sinais de que as forças de Moscovo estão a executar civis de forma sistemática.

“Por um lado, estamos a ajudar e a salvar as pessoas e, por outro, estamos a tomar medidas para garantir a própria segurança da Rússia”, afirmou Putin durante um encontro com o homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, o mais próximo aliado do Kremlin actualmente. Os dois líderes visitaram esta terça-feira o cosmódromo de Vostochni, na fronteira com a China, para celebrar o aniversário da primeira viagem orbital de Iuri Gagarin, realizada em 1961.

“É óbvio que não tínhamos escolha, foi a decisão certa”, disse Putin, referindo-se à invasão, que o Kremlin apresenta oficialmente com a designação de “operação militar especial”, acrescentando que os seus objectivos são “perfeitamente claros e são nobres”.

Esta foi a primeira vez que Putin falou em público desde que a Rússia anunciou a retirada da região de Kiev para se concentrar na ofensiva sobre o Donbass.

O chefe de Estado também repetiu as acusações do Kremlin de que as evidências apresentadas sobre a execução de civis em Bucha, nos arredores de Kiev, são “falsas” com o único objectivo de prejudicar a imagem externa da Rússia.

Putin não se mostrou incomodado com a aprovação de sucessivos pacotes de sanções por vários países ocidentais como forma de punição pela invasão da Ucrânia. O Presidente russo disse ser “impossível isolar de forma severa alguém no mundo moderno, sobretudo um país tão vasto como a Rússia”.

A subida da inflação em todo o mundo irá mudar o comportamento do Ocidente a curto prazo e que o “bom senso irá prevalecer”, acredita Putin.

O Presidente russo criticou ainda a Ucrânia de se ter afastado de compromissos assumidos durante as negociações em Istambul, destinadas a alcançar uma solução política para o conflito, e descreveu as conversações como estando num “beco sem saída”.

Lukashenko também desvalorizou o impacto das sanções aplicadas pelo Ocidente, que também incidiram sobre a economia bielorrussa. “Por que raio teríamos de estar tão preocupados com estas sanções?”, questionou, argumentando que em breve o mundo irá ficar “esfomeado” sem fertilizantes – uma das exportações visadas pelas sanções.

Apesar do aparente optimismo de Putin e do seu aliado, a economia russa prepara-se para uma contracção acima dos 10% até ao final do ano, um cenário que é pior do que o dos primeiros anos após o colapso da União Soviética em 1991, de acordo com o ex-ministro das Finanças, Alexei Kudrin, citado pela Reuters.

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