Traje regional de Viana do Castelo percorre o mundo com bonecas de artista plástica local

São as bonecas que retratam as Mordomas, as Noivas Senhora da Agonia e a Ana de Viana as que fazem mais sucesso entre os estrangeiros.

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As bonecas de Conceição Trigo Luís Sérgio Gonçalves

As mais de 270 bonecas que recriam o traje de Viana do Castelo, saídas das mãos da artista plástica Conceição Trigo, têm levado os usos e costumes do concelho nortenho aos EUA, Brasil, República Checa, França, Reino Unido ou Espanha. São as que retratam as Mordomas, as Noivas Senhora da Agonia e a Ana de Viana as que fazem mais sucesso entre os estrangeiros.

“Já fiz mais de 270 bonecas e muitas delas correram mundo, desde os EUA, passando pelo Brasil, República Checa, França, Reino Unido ou Espanha e tenho uma lista de espera gigante”, conta Conceição Trigo, citada, em comunicado de imprensa, pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). É na instituição onde se licenciou em Design do Produto pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) e tornou mestre em Educação Artística, pela Escola Superior de Educação (ESE) que trabalha há 35 anos.

Ocupa os tempos livres com a “paixão” pelas bonecas que surgiu por “acaso” e que nunca pensou que alcançasse “tanto sucesso”. A pandemia de covid-19 fez disparar as encomendas da boneca que retrata a Senhora da Agonia; e Conceição Trigo viu-se a braços com pedidos que estão em lista de espera há dois anos. A Ana de Viana, inspirada numa antiga lenda sobre a origem do nome de Viana do Castelo, também é um best-seller.

Tudo começa com uma garrafa e pasta de papel. “Cada boneca leva três jornais e o mais difícil é o corte. Só apenas alguns modelos é que levam arame nas mãos. É tudo feito com material reciclado”, especifica. Começou a trabalhar em cinco modelos de bonecas, sendo que hoje já são 17 diferentes. “Todas as bonecas são numeradas e assinadas no verso, têm uma etiqueta com a sua designação, os materiais utilizados e o selo ‘100% Alto Minho’, o que acrescenta valor”, defende Conceição Trigo, referindo que cada uma delas “é diferente, tem um rosto esculpido e muito expressivo e tem cerca de 45 centímetros de altura”.

Na página da rede social Facebook, a que deu o nome de Dolls by Conceição Trigo, vai partilhando fotografias, tiradas pelo amigo Luís Sérgio Gonçalves, das várias bonecas que vai criando e onde recebe encomendas. Na calha, a artista plástica tem já mais quatro novos modelos para lançar. “Ainda há mais modelos que quero criar, bonecas que falam das tradições do Minho. O traje da mulher do sal, de Vila Franca, de Domingar (em tom castanho) e o traje de festa de Geraz de Lima”, revelou.

Com o traje da mulher do sal, a artista plástica quer “homenagear” quem trabalhava no armazém do sal em Viana do Castelo, como foi o exemplo da mãe, que carregava pilhas em pranchas à cabeça. “Tinham trajes muito simples, mas que fazem parte da história da cidade e, em homenagem, a essas mulheres, muitas ainda crianças, decidi avançar com este novo modelo”, explicou.

As novas bonecas vão ainda envergar o traje de Vila Franca, em que a mordoma que leva um cesto florido à cabeça para oferecer à Nossa Senhora do Rosário, e os trajes de festa de Geraz de Lima e de Domingar que também fazem parte no cortejo histórico-etnográfico das Festas da Senhora d'Agonia. Além das bonecas já fez um jogo de xadrez - Romaria da Senhora d'Agonia, que faz parte do espólio do Museu do Traje, local onde o seu trabalho está exposto para venda.

“O feedback de quem compra as minhas bonecas enche-me o coração. As pessoas enviam fotografias a mostrar onde colocaram as bonecas e isso deixa-me feliz. As bonecas são já um sucesso a nível de vendas, além de marcarem presença em várias colecções particulares, dentro e fora do país”, conclui.

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