Príncipe André ainda não está livre de ser julgado por abusos sexuais

O juiz disse que se não for alcançado um acordo entre as partes, o julgamento poderá decorrer entre Setembro e Dezembro.

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Príncipe André poderá ir a julgamento no final do ano EPA/WILL OLIVER

Ainda não foi nesta terça-feira que o juiz norte-americano Lewis Kaplan decidiu se o príncipe André vai ou não a julgamento no final deste ano, entre Setembro e Dezembro. Depois de a defesa e a acusação terem apresentado os seus argumentos, o juíz confessou-se “céptico” e anunciou que decidirá “muito em breve” sobre o pedido de André, não avançando quando.

Durante uma audiência, em Manhattan, o juiz ouviu os argumentos da defesa do terceiro filho de Isabel II sobre o facto de Virginia Roberts Giuffre ter chegado a acordo com Jeffrey Epstein, em 2009, e ter recebido uma indemnização de 500 mil dólares (442 mil euros). Então, a jovem acusou o magnata de abusar sexualmente dela, em 1998, quando tinha 15 anos. Giuffre recorda que lhe foi “pedido para ser sexualmente explorada pelos amigos [de Epstein], incluindo membros da realeza, políticos e académicos”. O processo foi arquivado em Dezembro desse ano.

O acordo com quase 13 anos foi tornado público na segunda-feira, apesar de já vir a ser mencionado desde Outubro passado, como parte das acusações de Virginia Roberts Giuffre contra o príncipe André. A agora advogada de 38 anos acusa o príncipe de ter mantido relações sexuais com ela em 2001, nos EUA e no Reino Unido, em encontros promovidos por Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell, quando tinha 17 anos. A defesa de André nega as acusações e refuta-as recorrendo ao acordo feito com Epstein, que protegia o príncipe de qualquer responsabilização.

Mais: uma das cláusulas do acordo entre Giuffre e Epstein impedia-a de, no futuro, processar terceiros, argumenta a equipa legal de André. No acordo, divulgado pelo tribunal de Manhattan, pode ler-se que “qualquer pessoa ou entidade que possa ser incluída como potencial réu em todos os processos de Virginia Roberts” é libertado de responsabilização. Contudo, o advogado da acusação, David Boies, defende que o acordo não iliba o príncipe porque, naquele, Virginia Giuffre não alegava que André era quem estava a fazer o tráfico, mas sim “alguém para quem as jovens eram traficadas”, ou seja, alguém que beneficiou do tráfico.

Para o juíz a questão-chave neste caso é o que pretendiam Giuffre e Epstein com o acordo de 2009, e como o magnata foi encontrado morto na sua cela de prisão em Agosto de 2019, portanto, não poderá justificar-se. “Estamos a falar sobre se existem duas ou mais interpretações razoáveis”, declarou Lewis Kaplan. “Eu entendo o seu ponto de vista. Eu entendo o outro ponto de vista”, disse, dirigindo-se ao advogado do príncipe.

Kaplan disse ainda que decidirá sobre o pedido de André “muito em breve”, mas não foi específico. O juiz disse ainda que se não for alcançado um acordo entre as partes o julgamento poderá decorrer entre Setembro e Dezembro.

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