Mulheres são maioria nas direcções de sindicatos e minoria nas associações empresariais

Inquérito, realizado no âmbito do projecto REP - Representatividade dos Parceiros Sociais e Impacto da Governança Económica, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa conclui que as matérias mais negociadas nos últimos 10 anos foram contractos estáveis para jovens, diminuição da precariedade e igualdade salarial.

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Manifestacão de trabalhadores da empresa textil da Dielmar, frente a Câmara Municipal de Castelo Branco, em Agosto passado Sergio Azenha

A maioria (59%) dos órgãos de direcção dos sindicatos têm mulheres na sua composição, enquanto nas associações empresariais essa percentagem é de 19%, revelam os resultados de um inquérito nacional sobre a representatividade destas organizações.

O inquérito, realizado no âmbito do projecto REP - Representatividade dos Parceiros Sociais e Impacto da Governança Económica, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, contou com uma amostra de 248 organizações, das quais 52% associações de empregadores e 48% sindicatos.

Embora as mulheres estejam em maioria nas direcções dos sindicatos, estão em minoria entre os associados das estruturas sindicais, representando 39% do total, indica o estudo.

Os dados mostram que, em média, 78% dos trabalhadores sindicalizados têm contractos permanentes e 18% são jovens (até cerca de 35 anos), concluindo-se que os sindicatos “representam sobretudo trabalhadores permanentes e uma minoria de mulheres e jovens”, realça o documento.

Quanto às associações empresariais, o estudo indica que estas têm, em média, 51% de microempresas e 7% de grandes empresas entre os associados.

As matérias mais negociadas nos últimos 10 anos foram contractos estáveis para jovens, diminuição da precariedade e igualdade salarial.

De acordo com o documento, os sindicatos e as associações de empregadores tomam decisões sobretudo reunindo a direcção, mas auscultam os interesses dos seus associados de modo diverso: os sindicatos privilegiam os delegados sindicais, enquanto as associações de empregadores recorrem às assembleias-gerais.

O relatório indica ainda que “a esmagadora maioria, quer de sindicatos, quer de associações de empregadores, considera que há riscos significativos decorrentes da falta de representatividade, sendo que o problema maior é o enfraquecimento da pressão negocial”.

Neste sentido, a maioria das organizações da amostra é favorável à mudança do sistema actual, baseado em critérios informais.

A maior parte dos sindicatos (61%) e menos de metade (42%) das associações de empregadores está filiada, directa ou indirectamente, em confederações nacionais.

O relatório indica que 54% dos sindicatos da amostra são filiados na CGTP e 46% na UGT.

Quanto aos empregadores, 49% das associações estão na Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), 42% na CIP – Confederação Empresarial de Portugal, 6% na Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP) e 3% na Confederação do Turismo de Portugal (CTP).

No que diz respeito ao financiamento das organizações, a grande maioria dos sindicatos (77%) indica que as cotizações dos associados são a sua principal fonte, enquanto nas associações empresariais as cotizações representam 41%.

As principais actividades são comuns a sindicatos e a associações empresariais, estando em primeiro lugar o apoio jurídico, seguindo-se as informações prestadas aos associados e a negociação colectiva.

Os sindicatos que constituem a amostra do inquérito representam quase 205 mil associados e, destes, 61% têm mais de 500 associados, enquanto as associações de empregadores representam quase 55 mil associados e, destes, 77% têm até 500 associados.

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