Comércio “está apreensivo”, mas ainda não antecipa medidas muito restritivas

“Tudo vai depender de como evoluírem os números de pandemia”, admite Vieira Lopes, reconhecendo a necessidade de “navegar à vista”.

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Comércio não esconde apreensão com aumento de casos de infectados com covid-19. Nuno Ferreira Santos

O crescimento dos números relativos à nova vaga de covid-19 leva a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) a admitir “alguma apreensão” em relação à necessidade de novas medidas para combater a pandemia, mas o seu presidente tem esperança que as eventuais medidas a implementar “não sejam muito restritivas”.

Na véspera da reunião no Infarmed, para avaliação da situação epidemiológica da pandemia, e em que participará, João Vieira Lopes, presidente da CCP diz ao PÚBLICO que as informações que vai tendo, nomeadamente em sede de concertação social, apontam para “a necessidade de algumas medidas, nomeadamente sobre um uso mais amplo de máscara ou mesmo alguma limitação no número de pessoas em alguns eventos”.

Mas adianta não ter indicação de que possam ser já recuperadas outras medidas, como a limitação do número de pessoas por metro quadrado, no interior de estabelecimentos comerciais ou de serviços.

Mas tudo vai depender de como evoluírem os números de pandemia”, admite Vieira Lopes, reconhecendo a necessidade de “navegar à vista”.

O presidente da CCP assume “alguma apreensão” pelo agravamento da pandemia numa época alta do comércio, por causa da Black Friday e do Natal, mas admite que “as empresas já têm mais experiência em lidar com algumas limitações”. E isso também é válido para as vendas e entregas online que, “apesar do crescimento registado, ainda representam uma pequena parte do comércio”.

Vieira Lopes não esconde que “a expectativa de vendas para a actual época é positiva, tendo em conta alguma recuperação da economia e uma taxa de desemprego não muito alta, e ainda a acumulação de poupanças por uma parte das famílias”.

Refere, no entanto, que a evolução negativa da pandemia vem juntar-se a outras limitações que os associados da CCP enfrentam, designadamente “os atrasos e a falta de alguns bens, por dificuldades nas cadeias de abastecimento, mas também pela subida dos combustíveis e falta de motoristas”.

APED garante segurança

Também a Associação de Empresas de Distribuição (APED) diz estar na expectativa do que possa ser decidido depois da reunião do Infarmed desta sexta-feira, considerando desejável que “não sejam tomadas medidas que possam travar a actividade do retalho alimentar e especializado”, que se encontra “em recuperação, perto dos níveis anteriores ao da pandemia”.

Em declarações ao PÚBLICO, Gonçalo Lobo Xavier, director-geral da APED, faz questão de lembrar que o sector continuou a cumprir todas as medidas legais, nomeadamente a testagem de funcionários, uso de máscaras, e outras, e que, mesmo nos picos da pandemia, “os estabelecimentos provaram ser locais seguros para trabalhar e para fazer compras”.

Tal como o presidente da CCP, o director-geral da APED admite que, depois da reunião do Infarmed, possam ser tomadas algumas medidas, nomeadamente em relação ao uso obrigatório de máscara em mais situações, mas nada com muito impacto no sector que representa.

Convocada pelo Governo, a reunião do Infarmed, marcada para esta sexta-feira, vai analisar a evolução da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, juntando especialistas, políticos e associações empresariais.

Notícia actualizada às 18h10 com declarações o director-geral da APED

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