O reencontro

Reencontrar o Menino Jesus é reencontrar o Natal da infância, nas alegrias que ficam e naquelas que, parece que se torna mais claro nesta época festiva, não voltarão.

Foto
"A ausência dos avós e dos tios-avós soa a presépio desmoronado" Rodion Kutsaev/Unsplash

Todos os Natais reencontro o Menino Jesus de porcelana que o meu pai tem há 30 anos. É o grande resistente de um presépio antigo que se vai transfigurando, com algumas baixas e novas aquisições que contrastam com os membros originais em cor e brilho. É um presépio enorme e ecléctico, onde cabem pastores e camponesas, mas também um Mickey de borracha e, por algum motivo, um crocodilo. O Menino Jesus tem os braços colados com Super Cola 3, de tanto que já se partiram, os olhos desbotados, a tinta a desmaiar, não se distinguem bem as feições, parece meio vesgo, mas é o mesmo. Quando cumpro a tradição anual de desembrulhá-lo, enterneço-me ao notar resquícios de um Natal primordial, de um Natal em que a alegria ofuscava a existência sem a nostalgia se pôr a espreitar.

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