Ryanair admite sair da Bolsa de Londres por causa do “Brexit”

Companhia invoca as restrições na tomada dos títulos da empresa na bolsa londrina e lembra que já está presente em Dublin e Nova Iorque.

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A Ryanair registou um prejuízo de 48 milhões de euros entre Abril e Setembro EPA/WILL OLIVER

A companhia aérea irlandesa Ryanair está a ponderar deixar de estar cotada na Bolsa de Londres, depois de a negociação ter diminuído ao longo deste ano.

A transportadora admitiu abandonar a City no dia em que apresentou ao mercado os resultados do semestre fiscal (de Abril a Setembro). Em comunicado, a companhia low cost disse que “o conselho de administração da Ryanair está a considerar os méritos de manter a cotação padrão” na London Stock Exchange.

A empresa sediada em Dublin assinala que há empresas que estão a deixar de negociar em Londres e diz que a companhia está a ser afectada pelo impacto da saída do Reino Unido da União Europeia no mercado de capitais, por causa da proibição de cidadãos não comunitários “comprarem as acções ordinárias da Ryanair”, algo que, defende, se agudiza com o alargamento dessa restrição a cidadãos britânicos.

A Ryanair lembra que a empresa já está cotada na bolsa de Dublin — onde, diz, a gestora do mercado de capitais oferece “aos accionistas o mais alto padrão de protecção, incluindo o cumprimento do Código de Governo das Sociedades do Reino Unido” — e vinca que também está presente em Nova Iorque, no Nasdaq, com a cotação de American Depositary Receipts (ADR), certificados de depósito emitidos pelos bancos norte-americanos para representar as acções de uma empresa estrangeira.

A bolsa de Dublin é gerida pela rede Euronext, o grupo que detém as bolsas de Lisboa e de outras cidades europeias (Amesterdão, Paris, Bruxelas e Oslo).

No semestre fiscal que terminou em Setembro, a Ryanair registou perdas de 48 milhões de euros, comparando com prejuízos de 411 milhões em igual período idêntico de 2020.

Com o abrandamento da situação epidemiológica, a transportadora conseguiu aumentar o número de passageiros em 129% naqueles seis meses de Abril a Setembro, tendo transportado 39,1 milhões de passageiros, face aos 17,1 milhões do período comparável em 2020. A melhoria aconteceu sobretudo a partir de Julho, depois de três meses em que a aviação sentiu o efeito das fortes restrições sanitárias, com cancelamentos de voos na Páscoa e uma retirada das restrições “mais lenta do que o esperado” na União Europeia em Maio e Junho, refere a empresa.

As receitas do grupo cresceram 83% entre Abril e Setembro, passando para 2150 milhões de euros, comparando com 1180 milhões observados em igual período do ano passado.

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