Prémio Nobel da Paz: é este o ano de Greta Thunberg?

O vencedor de 2021 do Prémio Nobel da Paz é anunciado a 8 de Outubro, poucas semanas antes de os líderes mundiais se reunirem para a cimeira climática COP26. Este pode ser o ano da activista climática Greta Thunberg.

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Reuters/GUGLIELMO MANGIAPANE

O Prémio Nobel da Paz será anunciado apenas três semanas antes de os líderes mundiais se reunirem para uma cimeira climática que, dizem os cientistas, poderá determinar o futuro do planeta, uma razão pela qual se diz que este pode ser o ano de Greta Thunberg.

A condecoração política mais prestigiada do mundo será revelada no dia 8 de Outubro. Embora o vencedor pareça por vezes uma surpresa total, aqueles que seguem esta cerimónia de perto dizem que a melhor forma de adivinhar é olhar para as questões globais com maior probabilidade de estar na mente dos cinco membros do comité que têm poder de escolha.

Com a cimeira climática COP26 marcada para o início de Novembro na Escócia, essa questão poderá ser o aquecimento global. Os cientistas apontam esta cimeira como a última oportunidade para estabelecer metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa para a próxima década, vitais para que o mundo tenha a esperança de manter a subida média de temperatura abaixo de 1,5 graus Celsius, para evitar uma catástrofe.

Isto pode indicar o nome de Greta Thunberg, activista climática sueca, que aos 18 anos se tornaria a segunda vencedora mais nova da história, com poucos meses de diferença da paquistanesa Malala Yousafzai.

“Muitas vezes o comité quer transmitir uma mensagem. E esta será uma mensagem forte a enviar à COP26, que acontecerá entre o anúncio do premiado e a cerimónia”, disse à Reuters Dan Smith, director do Stockholm International Peace Research Institute.

Outra grande questão que o comité poderá querer abordar é a democracia e a liberdade de expressão. Isto pode significar um prémio para um grupo pela liberdade de imprensa, como o Comité para a Protecção dos Jornalistas ou Repórteres Sem Fronteiras, ou para um dissidente político proeminente, como a líder da oposição bielorrussa exilada Sviatlana Tsikhanouskaya ou o activista russo preso Alexei Navalny.

Uma vitória para um grupo de defesa do jornalismo amplificaria “o grande debate sobre a importância da reportagem independente e a luta contra as notícias falsas para uma governação democrática”, disse Henrik Urdal, director do Peace Research Institute de Oslo.

Um Nobel para Navalny ou Tsikhanouskaya seria um eco da Guerra Fria, quando os prémios de paz e literatura eram atribuídos a importantes dissidentes soviéticos, como Andrei Sakharov e Alexander Solzhenitsyn.

Quem estuda estas probabilidades também dá uma hipótese a instituições como a Organização Mundial de Saúde ou a iniciativa de distribuição de vacinas COVAX, directamente envolvidas na batalha global contra a covid-19. Mas este cenário, dizem, pode ser menos provável do que se pensaria: o comité já referiu a resposta à pandemia no ano passado, quando escolheu o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.

Embora os deputados de qualquer país possam nomear candidatos ao prémio, nos últimos anos o vencedor tem sido muitas vezes proposto por deputados da Noruega, cujo Parlamento designa a comissão para a entrega do prémio.

Os deputados noruegueses entrevistados pela Reuters incluíram Thunberg, Navalny, Tsikhanouskaya e a OMS nas suas listas.

Segredos do cofre

As considerações completas do comité permanecem para sempre em segredo, sem que seja escrita qualquer acta dos debates. Mas outros documentos, incluindo a lista de 329 nomeados deste ano, são guardados por uma porta com um sistema de alarme, protegida por várias fechaduras no Instituto Nobel norueguês, para serem tornados públicos dentro de 50 anos.

Dentro do cofre, as pastas de documentos forram as paredes: verde para as nomeações, azul para a correspondência.

É um tesouro para os historiadores que procuram compreender como surgem os laureados. Os documentos mais recentes tornados públicos são sobre o prémio de 1971, conquistado por Willy Brandt, chanceler da Alemanha Ocidental, pelos seus movimentos para reduzir a tensão entre Leste e Oeste durante a Guerra Fria.

“A Europa que hoje se vê é basicamente o legado desses esforços”, disse o bibliotecário Bjoern Vangen à Reuters.

Os documentos revelam que um dos principais finalistas que Brandt derrotou foi o diplomata francês Jean Monnet, um dos fundadores da União Europeia. Seriam precisos mais 41 anos para a criação de Monnet, a UE, finalmente ganhar o prémio, em 2012.

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