Web Summit reduz para 40 mil participantes no regresso a Lisboa

Conferênca teve 70 mil participantes em 2019. Cosgrave não espera mudanças com Carlos Moedas. Governo pede à U. Minho que avalie impacto.

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Pedro Siza Vieira (esq.) e Paddy Cosgrave durante a conferência desta terça-feira, em Lisboa LUSA/MIGUEL A. LOPES

O presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, disse esta terça-feira esperar cerca de 40 mil participantes na edição deste ano, que tem lugar em Lisboa entre 1 e 4 de Novembro. Sobre a viragem política na autarquia da capital com a eleição de Carlos Moedas (PSD) para a presidência da Câmara de Lisboa, Cosgrave acredita que tudo se manterá como está no que toca à colaboração entre a cidade e a Web Summit.

“A eleição só aconteceu no domingo e ainda é cedo para comentar, mas não espero qualquer mudança”, disse o empresário de origem irlandesa. Elogiando Fernando Medina (PS), “um óptimo presidente” que perdeu a liderança camarária nas eleições autárquicas de 26 de Setembro, Cosgrave disse que deposita esperanças em Moedas. “Conheço-o do tempo em que era comissário europeu. Lisboa vai ficar muito bem servida para o futuro.”

Quanto à multidão esperada, trata-se de uma redução de cerca de 42% face aos 70 mil participantes que estiveram em 2019 na última edição com presença física desta conferência tecnológica.

Em 2020, esta realizou-se apenas no formato online, devido aos constrangimentos impostos pelo combate à pandemia de covid-19.

Uma decisão saudada por ajudar ao controlo sanitário, mas que também esteve associada a uma controvérsia: o contrato prevê um apoio anual de 11 milhões de euros por parte de Portugal; a organização não abdicou desse montante, e o Estado pagou, apesar de promover uma edição em modo virtual.

O co-fundador da conferência, que regressa agora ao formato físico na capital portuguesa após um ano de interrupção, salientou que, no início, a organização apontou para dez mil participantes, mas esse número foi depois crescendo nos últimos meses.

“E agora esperamos o máximo de 40.000 pessoas de todo o mundo”, acrescentou Cosgrave, que falava na conferência de imprensa desta terça-feira para apresentar a edição 2021.

A entrada no recinto exige a apresentação de certificado de imunidade ou teste PCR negativo válido para as 72 horas do evento.

"Excelente” para turismo, diz Siza Vieira

Por sua vez, o ministro do Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, considerou o número de participantes esperados uma “excelente notícia para a economia da cidade e do país”.

O ministro destacou o facto de, este ano, haver “condições finalmente para regressar fisicamente ao Parque das Nações e ao pavilhão da Altice Arena e à FIL”.

“É muito bom perceber que a aposta que fizemos há alguns anos em fixar em Portugal a Web Summit vai dar um contributo essencial para a recuperação da nossa actividade, essencialmente a meio da chamada época baixa de Outono”, salientou.

“Iremos fazer coincidir com a realização da Web Summit uma melhor visualização e ponto de situação sobre o estado da nossa rede de empreendedorismo”, referiu, sublinhando que durante a pandemia houve “um efeito de aceleração da transição digital” em que “muitas empresas, muitas startups no sector tecnológico cresceram muito significativamente”.

O governante apontou que, no último ano, mais duas empresas portuguesas atingiram o estatuto de “unicórnio" [valorizações de mercado acima da fasquia de mil milhões de dólares] e que há agora um conjunto de startups que se apresentam ao mundo com modelos inovadores.

Governo encomenda estudo e promete apoios

O ministro disse ainda que serão promovidas duas medidas importantes. “Em primeiro lugar esperamos ter condições para realizar fisicamente a primeira assembleia geral da European Startup Nations Alliance”, em Portugal, durante a Web Summit.

“Será também uma oportunidade de apresentarmos o nosso novo pacote de apoio ao empreendedorismo e à inovação, o que coincidirá com a dinamização acrescida que pretendemos fazer chegar” a este ecossistema.

Siza Vieira acrescentou que a colaboração com a Web Summit “se tem revelado muito positiva para país”, salientando que foi solicitado à Universidade do Minho que fizesse uma avaliação do impacto económico e fiscal da cimeira.

“Claramente esta é uma aposta vencedora. Em 2019, tivemos 70 mil visitantes, um impacto sobre a procura interna de cerca de 72 milhões de euros e um impacto sobre a receita fiscal nacional de 24,9 milhões de euros”.

Mas do ponto de vista internacional, da percepção que os observadores internacionais têm sobre a Web Summit, “aquilo que rapidamente concluímos é que o impacto económico da Web Summit vai muito para além destes números directos”, sublinhou.

Do programa, destaca-se o regresso de Sir Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web. O cientista foi uma das figuras maiores da edição de 2018, ano em que subiu ao palco na cerimónia de abertura para analisar os riscos do anonimato, da privacidade e do poder das empresas, pedindo “responsabilidade” a programadores de software.

Biz Stone, co-fundador do Twitter, Brad Smith (Microsoft), a actriz e autora norte-americana Amy Poehler; o actor e embaixador da Boa Vontade do Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento, Nikolaj Coster-Waldau (o Jamie Lannister de A Guerra dos Tronos) são outros dos nomes destacados pela organização, que convidou 1000 oradores, recebe 1250 startups (incluindo 40 com estatuto de “unicórnio"), 700 investidores e espera a cobertura por parte de 1500 jornalistas.

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