Falha durante viagem de Branson ao espaço sob investigação. EUA impedem Virgin Galactic de novos voos

A Virgin Galactic afirma que, apesar de o voo se ter desviado do seu caminho inicial, teve “uma trajectória de voo controlada e intencional que permitiu à Unity 22 chegar ao espaço com sucesso”.

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Reuters/VIRGIN GALACTIC

O voo de Richard Branson ao limite do espaço está a ser investigado pela administração federal de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), depois de ter ocorrido um problema na viagem. Enquanto a investigação decorre, a Virgin Galactic fica impedida de usar as naves espaciais.

“A Virgin Galactic não poderá fazer novos voos com o veículo espacial SpaceShipTwo até que a FAA aprove o relatório final da investigação do acidente ou determine que os problemas com ele relacionados não afectam a segurança pública”, informou a FAA num comunicado enviado ao jornal The Guardian esta quinta-feira.

Durante a aterragem do dia 11 de Julho deste ano terá disparado um sinal de alerta com uma luz amarela, sinal esse indicativo de que o voo deveria ter sido suspenso, mas tal não aconteceu. De acordo com um artigo da revista The New Yorker, divulgada na quarta-feira, essa luz significa um sinal de que o voo era muito raso e o nariz da nave não estava suficientemente na vertical, acabando a nave por se desviar da rota inicialmente delineada. 

Mas, ao The Guardian, a Virgin Galactic negou as informações do artigo. “O Unity 22 foi um voo de teste seguro e bem-sucedido que obedeceu aos nossos procedimentos de voo e protocolos de treino”, disse a empresa. 

A Virgin Galactic afirmou que, apesar de o voo se ter desviado do seu caminho inicial, teve “uma trajectória de voo controlada e intencional que permitiu à Unity 22 chegar ao espaço com sucesso”. Em resposta à investigação da FAA, a empresa disse que seguiu todas as regulamentações, como manter-se dentro dos limites laterais, garantindo que nunca causou risco a nenhum aglomerado populacional nem ao público. “Estiveram presentes representantes da FAA na sala de controlo durante o voo e nas reuniões pós-voo”, garantiu a empresa. 

Ao mesmo jornal a agência norte-americana não comentou a resposta e recordou que a investigação ainda está a decorrer.

De acordo com a The New Yorker, a falha no voo de Branson a trajectória da nave não colocou apenas a missão em perigo, mas pôs também em risco que a aeronave se mantivesse dentro dos limites do espaço aéreo exigidos pelo regulador norte-americano. Cabe à FAA regular a indústria espacial privada e reservar espaço aéreo para cada missão, procurando evitar colisões com o tráfego aéreo geral, incluindo aviões comerciais, e limitar as vítimas civis em caso de acidente. Para isso, usa fórmulas detalhadas num documento de 121 páginas de forma a determinar a segurança de cada voo.

Este é um mercado que pode valer milhares de milhões, mas primeiro é crucial demonstrar a segurança das viagens. Um protótipo mais antigo da nave da Virgin Galactic caiu no deserto californiano em 2014, causado a morte do piloto e assustando potenciais clientes.

Branson foi o primeiro entre outros bilionários, como o fundador da Amazon e da empresa Blue Origin, Jeff Bezos, a fazer turismo espacial. Depois, há ainda Elon Musk, fundador da Tesla, e a sua empresa SpaceX na corrida. O empresário da Califórnia (que ultrapassou recentemente Jeff Bezos na lista dos mais ricos do mundo) já conseguir realizar várias missões privadas nas suas cápsulas Dragon.

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