“É um lindo dia para ir ao espaço”. Richard Branson completou viagem histórica

A missão foi transmitida em directo na internet. Viagem ao espaço demorou cerca de uma hora e levou seis tripulantes.

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Seis pessoas, incluindo o empresário Richard Branson, efectuaram este domingo a sua primeira viagem ao espaço a bordo do avião VSS Unity, que descolou e aterrou com sucesso da base SpacePort America, no deserto do Novo México, nos Estados Unidos. A viagem foi bem-sucedida e, depois de o avião-foguete ter largado a nave-mãe, a tripulação chegou a sentir gravidade zero durante aproximadamente quatro minutos. No fim da viagem, o bilionário sorriu e aplaudiu. 

“Estamos aqui para tornar o espaço mais acessível a todos”, disse Branson logo depois da aterragem. “Bem-vindos ao amanhecer de uma nova era espacial.”

A nave levou os seis tripulantes para um voo suborbital a 85,9 quilómetros de altitude, acima do que a NASA considera ser o limite do espaço. Após hora e meia de atraso devido às condições meteorológicas, o avião espacial da Virgin Galactic descolou perto das 8h40 (15h40 em Lisboa). A viagem de regresso culminou cerca das 9h40 (16h40 em Lisboa).

Desde que a nave deixou o solo até ao momento em que pousou novamente nele, a viagem durou uma hora.​ Foi a quarta missão tripulada além da atmosfera terrestre, mas a primeira com passageiros.

“É um lindo dia para ir ao espaço”, escreveu no Twitter Richard Branson, de 70 anos, que viveu a aventura mais ousada face ao desejo antigo de voar no espaço, publicando ainda uma foto com o colega bilionário e rival do turismo espacial Elon Musk.

Para o especialista Miguel Gonçalves, este passo é “muito mais do que turismo espacial” e serve de alavanca para a inovação aeroespacial, impulsionando, ao mesmo tempo, a criação de “um conjunto de inovações científicas e tecnológicas.” 

“Há muitas pessoas que estão a olhar para isto como uma aventura mais excêntrica de milionários, mas mesmo o turismo espacial é uma espécie de impulso para tudo isto porque, como nos conta a história da exploração espacial, sempre que há inovação ao nível aeroespacial e ao nível da exploração espacial há todo um conjunto de inovações científicas e tecnológicas com reflexos no nosso dia-a-dia na Terra”, explica o antigo coordenador da Sociedade Planetária em Portugal ao PÚBLICO. 

Branson, que levou consigo outros cinco funcionários da Virgin Galactic Holding Inc, tem divulgado a viagem como o princípio de uma nova era no turismo espacial, com a empresa determinada a começar as viagens comerciais no próximo ano. E já terá centenas de passageiros ricos com reservas de bilhetes que custam cerca de 250 mil dólares (cerca de 210 mil euros). 

O papel oficial de Branson neste voo foi o de avaliar “a experiência do astronauta privado” e melhorar a viagem de futuros clientes. Juntou-se a uma tripulação que incluiu Beth Moses, instrutora principal da Galactic, Colin Bennett, engenheiro de operações principal, e Sirisha Bandla, vice-presidente de assuntos governamentais. Os dois pilotos foram Dave Mackay e Michael Masucci. 

O fundador da Virgin esteve para não realizar este voo até ao final do verão, mas mudou de ideias assim que o bilionário Jeff Bezos, fundador da gigante tecnológica Amazon, programou embarcar na primeira viagem ao espaço da Blue Origin em 20 de Julho, coincidindo com o 52.º aniversário da chegada de Neil Armstrong e Buzz Aldrin à Lua.

Mercado lucrativo

Este é um mercado que pode valer milhares de milhões, mas primeiro é crucial demonstrar a segurança das viagens. Um protótipo mais antigo da nave da Virgin Galactic caiu no deserto californiano em 2014, causado a morte do piloto e assustando potenciais clientes.

A participação de Branson, de 71 anos, no voo deste domingo condiz com a imagem que gosta de cultivar, de aventureiro e explorador. Mas tem outra curiosidade: a antecipação em relação ao seu rival Jeff Bezos, fundador da Amazon e da empresa Blue Origin, que também tenciona viajar até ao espaço ainda este mês — no que já foi descrita como a corrida espacial dos bilionários. 

Ao contrário das viagens espaciais tradicionais, em que os astronautas circulam pela Terra e flutuam no espaço por dias, os voos da Virgin Galactic são viagens curtas, para cima e para baixo. Mas a nave percorreu mais de 50 milhas acima da Terra, algo que o governo dos EUA considera marcar a fronteira do espaço sideral.

Na aventura do turismo espacial destaca-se ainda mais um concorrente, o empresário Elon Musk que tem investido milhares de milhões de dólares neste negócio de levar pessoas ao espaço.

A viagem foi anunciada poucos dias depois de a Virgin Galactic ter recebido luz verde do regulador de segurança aérea dos EUA, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), para levar as pessoas ao espaço. 

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