Venezuela liberta opositor após primeira ronda de negociações entre Governo e oposição

Espera-se que após a sua libertação, Freddy Guevara possa representar o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, nas negociações com o Governo de Maduro.

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O opositor venezuelano Freddy Guevara fala com a imprensa depois de sair do centro de detenção LEONARDO FERNANDEZ VILORIA/Reuters

O Governo da Venezuela libertou o opositor político Freddy Guevara, representante do partido Vontade Popular e aliado do líder da oposição Juan Guaidó, um mês depois da sua detenção. A sua libertação ocorreu pouco depois das primeiras conversações entre o Governo de Nicolás Maduro e a oposição, com o intuito de solucionar a crise com várias frentes que assola o país da América do Sul.

O opositor, de 35 anos, foi vice-presidente da Assembleia Nacional entre 2017 e 2018. Já havia sido acusado de “incentivar a violência”, nos protestos contra a instalação da Assembleia Nacional constituinte em 2017. Para fugir à prisão, refugiou-se na embaixada do Chile em Caracas, até ser indultado em 2020.

Foi detido a 12 de Julho, quando o seu carro foi interceptado numa estrada perto de Caracas. As autoridades acusaram Guevara de “terrorismo”, “traição à pátria” e de estar ligado a “grupos extremistas e paramilitares associados ao Governo colombiano”. 

Guevara foi libertado no domingo, depois de estar mais de um mês detido num centro de detenção do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) em Caracas, e anunciou que levará o seu caso para os tribunais para conhecer “sob que premissas” foi detido. Apesar de ficar em liberdade, terá de responder pelo processo.

Em imagens divulgadas no Twitter do partido Vontade Popular, avista-se Guevara depois da sua libertação, afirmando que o “seu compromisso real é conseguir a liberdade de todos os presos políticos”. Também no domingo, Guevara disse à imprensa local que tinha estado isolado durante vários dias e que não sabia os pormenores da sua libertação, mas espera poder “participar nos diálogos e na construção da paz”.

Espera-se que com esta medida Guevara possa representar Guaidó nas conversações que decorrem no México entre o Governo e a delegação da oposição, a Plataforma Unitária, formada por quatro partidos, entre eles o Primeiro Justiça, de Henrique Capriles, refere a Bloomberg.

A Vontade Popular estava a ser representava por Carlos Vecchio, embaixador de Juan Guaidó nos EUA. A delegação do Governo venezuelano, liderada pelo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, tinha-se manifestado contra a presença de Vecchio e teria exigido a sua substituição e oferecido a liberdade de Guevara em troca, nota a agência.

Negociações entre Governo e oposição

Foi na sexta-feira que começaram as negociações entre o Governo de Maduro e a oposição, no México, com a mediação da Noruega e com a participação de vários países, nomeadamente a Rússia e os Países Baixos. No domingo, ambas as partes confirmaram que foram “reuniões construtivas” no âmbito de um processo de diálogo. A continuação do processo está prevista para 3 de Setembro.

Num comunicado partilhado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega, tanto o Governo, como a oposição, quiseram mostrar “o acompanhamento” do memorando de entendimento que assinaram num acto público no Museu de Antropologia no México. Foi referida a “importância da inclusão” do memorando no diálogo, pelo que foi discutido o “estabelecimento de um mecanismo de consulta com actores políticos e sociais”.

Mas também reiteraram o “seu compromisso” com o método estabelecido no documento, tal como com a “máxima precaução no que diz respeito à reserva e comentários” do processo, pelo que comunicaram que, perante isto, serão “prudentes e concisos”.

O memorando de entendimento estabelece que o processo de diálogo e negociação assentará em vários pontos. Destacam-se o levantamento das sanções internacionais contra os principais membros do regime, a realização de eleições presidenciais livres, a libertação dos presos políticos e a restauração dos direitos humanos e políticos, a convivência política, a renúncia da violência e a protecção da economia.

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