Buscas para encontrar vítimas recomeçam depois da demolição de prédio em Miami

Para além dos 24 mortos, há 121 pessoas desaparecidas e que se acredita estarem nos escombros do edifício que desabou há onze dias em Surfside, cidade à beira-mar da Florida.

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Stephanie Rioja, que vivia na torre de apartamentos, assistiu à demolição a rezar SHANNON STAPLETON/Reuters
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Uma imagem por satélite mostra o colapso de parte do condomínio Reuters
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O Presidente, Joe Biden, e a primeira-dama, Jill Biden, estiveram em Surfside a semana passada KEVIN LAMARQUE/Reuters

As equipas de resgate já foram autorizadas a retomar as buscas por vítimas na torre de apartamentos dos arredores de Miami. Onze dias depois do colapso parcial que apanhou a maioria dos residentes já deitados, ao início da madrugada, e sem que ninguém tenha sido retirado com vida depois das primeiras horas a seguir ao desabamento, as autoridades decidiram avançar com a demolição do que restava do prédio de 130 casas e 12 andares à beira-mar em Surfside, uma cidade isolada na baía de Biscayne, perto de Miami.

A demolição do resto das Torres Champlain Sul, com explosivos, aconteceu “exactamente de acordo com o planeado”, segundo disse aos jornalistas no local a presidente da câmara de Miami-Dade, Daniela Levinne Cava, no domingo à noite. A limpeza dos destroços começou de imediato e poucas horas depois já as equipas de resgate tentavam abrir caminho para chegar a zonas do parque de estacionamento subterrâneo onde não conseguiam aceder antes da demolição: é a partir daí que esperam obter uma visão mais clara de eventuais vazios que possam existir nos escombros e onde poderão estar as 121 pessoas desaparecidas e que se acredita estarem nos escombros do edifício.

O número de desaparecidos foi várias vezes alterado durante os primeiros dias de buscas. No colapso inicial, em apenas alguns segundos, pelo menos 55 unidades de habitação das 139 ruíram como “panquecas”, descreveu Charles Burkett, presidente da câmara de Surfside.

Nas primeiras 24 horas, 35 pessoas foram retiradas dos escombros, uma já sem vida, ao mesmo tempo que se localizavam 110 residentes. Com o passar dos dias, foram confirmados 24 mortos (a última vitima mortal foi retirada dos escombros na sexta-feira), à medida que a esperança de encontrar gente com vida ia diminuindo.

A decisão de demolir a torre de apartamentos foi acelerada por receios de segurança, com a tempestade tropical Elsa a aproxima-se da Florida – pode chegar esta terça-feira.

Burkett explicou que os ventos fortes poderiam causar mais destroços e pôr em perigo as pessoas que trabalham no resgate. Ao mesmo tempo, esperava-se que uma demolição controlada pudesse “abrir até um terço da pilha [de escombros]” à passagem das equipas de emergência. Os escombros do colapso inicial foram cobertos para os proteger do entulho causado pela demolição.

O que sobrava do bloco de apartamentos teve de ser evacuado e Levinne Cava lembrou que os habitantes agora forçados a sair “deixaram as suas vidas inteiras para trás”.

Com as causas do desabamento ainda por apurar, estão a ser investigadas possíveis falhas estruturais noutras torres da zona. Numa inspecção realizada em 2018, e entretanto divulgada, um engenheiro chamava a atenção para fragilidades da estrutura junto à piscina e “deterioração” do betão no parque de estacionamento subterrâneo.

No seu relatório, o engenheiro Frank Morabito avisava que a área à volta e por baixo da piscina não era à prova de água por causa de um erro na concepção do edifico – “a falha de impermeabilização” estava a provocar danos na laje estrutural de betão e colunas, vigas e paredes da garagem mostravam “fissuras abundantes”.

O conselho de moradores do edifício construído em 1981 vai nomear um “curador independente para supervisionar o processo legal e os pedidos de indemnização”.

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