Uma história prometida a um rapaz de dez anos

O respeito pelos outros, a gestão de expectativas pela família e pela sociedade, tudo se revela na simplicidade de um elefante que só quer usufruir da vida tal como é.

familia,leitura,ilustracao,criancas,educacao,livros,
Fotogaleria
Dina Sachse
familia,leitura,ilustracao,criancas,educacao,livros,
Fotogaleria
Dina Sachse
familia,leitura,ilustracao,criancas,educacao,livros,
Fotogaleria
Dina Sachse
familia,leitura,ilustracao,criancas,educacao,livros,
Fotogaleria
Capa de “A Trompa Dourada do Elefante Gigante”, edição da Acento Tónico Dina Sachse

Uma conversa com o pequeno David, de dez anos, fez nascer este livro. “Prometi-lhe a história depois do trocadilho com a trompa (instrumento) e a tromba do elefante”, conta o autor, Carlos Nuno Granja, ao PÚBLICO.

O menino estava a iniciar-se na educação musical, aprendendo a tocar trompa, mas tinha algumas complicações de saúde que lhe dificultavam o desempenho. O escritor ficou com vontade de lhe oferecer uma história, mas atrasou-se… O rapaz já tem 15 anos e anda a ler outras coisas, naturalmente.

No livro, conta-se que, “num dia quente de Inverno, nascia um pequeno elefante, muito cinzento, ainda mais cinzento do que os elefantes da sua família, que todos os outros nascidos antes e depois”.

Foto
Dina Sachse

Além da cor, também o tamanho o vai distinguir dos outros. Primeiro, por ser pequeno; mais tarde, por ser gigante. Depois das vicissitudes e injustiças de quem não é igual a todos, o elefante consegue encontrar o seu papel no mundo. Ainda bem.

Já o precursor da história “achou que o jogo de palavras [tromba/trompa] não foi lá grande inspiração”, mas a narrativa ficou prometida e tinha mesmo de nascer. “Foi publicada pela Acento Tónico, do professor Carlos Letra, fundador da Gailivro”, conta Carlos Nuno Granja. E acrescenta: “Admiro o Carlos Letra pelo trabalho de edição na área da literatura infantil e juvenil, que a mim, como professor e pedagogo, me diz tanto desde o início da minha carreira de docente.”

Faltava a última e fundamental parceria, quem iria ilustrar a história? “Não tive dúvidas de que o traço da Dina Sachse se encaixava na perfeição. É uma ilustradora que trabalha no papel, que ainda manuseia os desenhos e as pinturas, que sabe enquadrar os cenários e as personagens num contexto de sensibilidade, tão presente nesta história”, diz o escritor, professor e livreiro, que organiza o Festival Literário de Ovar e está neste fim-de-semana na Sertã a participar na Maratona da Leitura.

Saborear um trabalho minucioso

A ilustradora revela que “ilustrar A Trompa Dourada do Elefante Gigante foi desafiante”. E descreve: “Um elefante que nasce pequeno demais, para depois crescer até se tornar demasiado grande, do tamanho do preconceito e do medo de ser diferente e rejeitado. Uma história sensível e delicada, de um elefante que ganha voz através da música e com ela toca o coração de animais e humanos, unindo-os em perfeita harmonia.

Foto
Dina Sachse

Dina Sachse explica como chegou a este resultado: “Codificar toda esta carga simbólica na ilustração foi fluindo naturalmente. Estudei música paralelamente ao design e ilustração, por isso senti uma ligação à história quase intuitiva. Criar um mundo ideal onde reine a amizade, a tolerância e o amor pelo próximo pede movimento, cor e poesia no traço.”

A técnica escolhida foi: “Pintei a acrílico, lápis de cor e fiz pequenos apontamentos com colagem. Gosto de saborear este trabalho minucioso e o tempo que esta técnica de ilustrar pede.” Ficou bonito.

Mais artigos Letra Pequena e blogue Letra Pequena

Sugerir correcção
Comentar