Covid-19: indianos estão a acumular oxigénio e medicamentos em casa

Casos e mortes pelo novo coronavírus continuam a subir na Índia, que ultrapassou já 17 milhões de infecções confirmadas. Há pacientes a morrer em hospitais que ficam sem oxigénio.

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A Índia registou mais 2812 mortes nas últimas 24 horas AMIT DAVE/Reuters

“Acumular injecções como o Remdesivir e oxigénio em casa está a criar o pânico e esta acumulação está a causar a carência destes medicamentos”, alertou Randeep Guleria, director do Instituto de Ciências Médicas da Índia, num comunicado divulgado pelo Ministério da Saúde.

A procura de oxigénio aumentou 20% em todo o país nos últimos dias, com os hospitais de Nova Deli a sofrer uma escassez aguda, chegando por vezes a 30 minutos de esgotar o abastecimento, com centenas de vidas em risco.

Sábado, 20 pacientes morreram no Hospital Jaipur Golden, na capital, durante uma crise de oxigénio. Domingo, quatro pessoas internadas no Hospital Kathuria, na cidade de Gurugram, e quatro pacientes no Hospital Virat, em Rewari, cidades a sudoeste de Nova Deli, morreram quando estas instalações ficaram sem oxigénio. Um pouco por todo o país, falta ainda material médico e camas disponíveis.

Com os hospitais a avisarem que estavam com as suas reservas de oxigénio perto do limite, há familiares de pacientes a levar o oxigénio até eles e tanto o oxigénio como o Remdesivir estão a ser vendidos nas ruas a preços exorbitantes.

Há semanas que a Índia se tornou no principal foco de propagação de covid-19 no mundo: com 352.991 novas infecções e 2812 mortes nas últimas 24 horas, a Índia ultrapassou os 17 milhões de casos (só os Estados Unidos registaram mais), segundo os dados do Ministério da Saúde – o número de mortes pode ser bastante superior, já que os casos suspeitos não são incluídos e muitas mortes estarão a ser atribuídas a doenças preexistentes.

O Reino Unido anunciou o envio de ventiladores e de oxigénio para Nova Deli, com a França e a Alemanha a preparem o envio de oxigénio nos próximos dias. Do Paquistão, o inimigo histórico, chegou a oferta de equipamento médico. Na véspera, já os EUA tinham disponibilizado material para produção de vacinas, medicamentos, ventiladores e material de protecção, enquanto a Comissão Europeia activou o Mecanismo de Protecção Civil da UE para enviar oxigénio e medicamentos, a pedido do Governo indiano.

“Estamos alarmados com a situação epidemiológica na Índia. Estamos prontos a responder com rapidez”, escreveu no Twitter a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.

Ao mesmo tempo, vários países europeus limitaram ou proibiram as ligações áreas com a Índia ou a entrada de pessoas vindas do país. Já esta segunda-feira, a Alemanha proibiu a entrada no seu território de estrangeiros vindos do país asiático, seguindo medidas semelhantes postas em prática por Itália, Países Baixos, França ou Reino Unido. O Bangladesh anunciou entretanto o encerramento da sua fronteira terrestre com a Índia.

No domingo, Bangalore, capital do estado de Karnataka, tornou-se na primeira cidade depois da capital a atingir mais de 20 mil casos por dia.

Com o Governo de Narendra Modi a enfrentar críticas por ter aligeirado as medidas de contenção assim que os casos desceram para cerca de 10 mil por dia, permitindo, nomeadamente, a realização de grandes encontros políticos e religiosos, o confinamento em Nova Deli foi agora alargado até 3 de Maio.

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