Potencial maioria à vista para Netanyahu em Israel

Sondagens à boca das urnas são apenas uma indicação e a diferença de apenas um deputado pode desaparecer nas próximas horas. Se as sondagens estiverem certas, à quarta eleição, Netanyahu pode ter conseguido finalmente, uma maioria.

Foto
Benjamin Netanyahu a votar com a mulher, Sara RONEN ZVULUN/Reuters

O partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi, como era esperado, o mais votado nas eleições israelitas. Também sem surpresas, os dois blocos, anti e pró-Netanyahu, estão muito próximos. Mais surpreendente é o facto de, segundo as sondagens à boca das urnas, poder ter conseguido uma maioria para governar com os seus aliados – algo que lhe fugiu nas últimas três eleições dos últimos dois anos, e algo que as sondagens pré eleitorais não consideravam.

Ainda assim, a margem de uma potencial maioria do bloco de Netanyahu é ainda demasiado pequena para ser dada como certa, e se o primeiro-ministro conseguir uma vitória, esta não parece convincente.

“Não é ainda claro se quatro rondas eleitorais resolveram a mais longa crise política da História de Israel, com o país tão dividido como tem estado nos últimos dois anos, e a perspectiva de uma quinta eleição a ser muito real”, declarou Yohanan Plesner, do Israel Democracy Institute, que tem vido a alertar para o perigo da erosão da democracia em Israel.​

As eleições acontecem com o processo judicial contra Netanyahu, acusado de corrupção, já a decorrer. Isto leva muitos analistas a temerem que possa acontecer uma reforma da justiça de um Governo em que tenha a maioria e não tenha, como na coligação anterior, um parceiro de coligação que discorde dessas medidas – o Partido Azul e Branco, do antigo chefe militar Benny Gantz.

A maioria dos comentadores concorda que estas quatro eleições se realizaram por causa dos problemas judiciais do primeiro-ministro, o primeiro em exercício acusado por corrupção (o anterior, Ehud Olmert, demitiu-se ainda antes de ser formalmente acusado).

Segundo a sondagem de um dos canais públicos, o canal 11, o Likud conseguirá 31 lugares num Parlamento de 120, os partidos ultra-ortodoxos Shas e Judaísmo Unido da Tora 9 e 7, e o Yamina, do antigo aliado-depois-rival e talvez aliado de novo de Netanyahu, Naftali Bennett, 7, e o partido Religioso Sionista, 7.

Bennett mostrou no fim-de-semana na televisão uma declaração assinada por si declarando que não se juntaria a um governo liderado por Yair Lapid, que encabeça o bloco anti-Netanyahu, e poucos acreditam que escolhesse juntar-se a um bloco que derrubasse o primeiro-ministro.  

O partido de Benny Gantz sofreu, como se previa, pela decisão de se juntar ao governo de Netanyahu, e terá ficado por sete deputados, enquanto o partido de Yair Lapid, que nesta campanha foi o principal rival do primeiro-ministro, terá obtido 18 lugares, um resultado “impressionante”, diz o Jerusalem Post.

Também impressionante foi o aumento da votação no Sionismo Religioso, de Bezalel Smotrich, que inclui na sua lista, como dizia o Times of Israel, “provocadores, racistas e homofóbicos”, e cujo líder, Bezalel Smotrich, gostaria que Israel fosse uma teocracia.

Muitos comentadores especulavam que esta eleição seria especialmente difícil de analisar por causa de vários partidos que estavam no limite da entrada no Parlamento, e estes resultados são, para já, apenas os das sondagens à boca das urnas. Espera-se um resultado nesta quarta-feira.

A eleição foi ainda fortemente marcada pela pandemia, que deixou mais de 6000 mortos em Israel. Mas o programa de vacinação único do país levou a que fosse possível um desconfinamento que começou a dar uma sensação de quase normalidade, pelo menos para quem decidiu ser vacinado – no fim-de-semana passado pessoas já vacinadas puderam assistir a jogos de futebol em estádios.

A eleição foi, mais uma vez, vista como um referendo a Netanyahu, que obtém os ganhos de tornar Israel na “vaccination nation”, mas continua a enfrentar milhares nas ruas todos os fins-de-semana por ser o “crime-minister” - este sábado marcou a 39ª semana consecutiva que houve protestos anti-Bibi.

Sugerir correcção
Comentar