O actor alemão Jürgen Müller, um dos co-fundadores e um dos seis directores artísticos da companhia teatral catalã La Fura dels Baus, morreu na sexta-feira, aos 66 anos, anunciou este sábado a companhia.

Müller, o actor que mais vezes representou nos espectáculos da La Fura dels Baus, sofria há dez anos de uma doença pulmonar hereditária, que acabou por o matar.

Nascido em Weiterdingen, na Alemanha, em 1955, foi para Barcelona estudar dança contemporânea e mímica no Institut del Teatre, e participou na criação e representação dos primeiros espectáculos de La Fura dels Baus, criando a linguagem característica da companhia (a que chamavam linguagem “furero"), com raízes na dança japonesa do pós-guerra Butoh e no chamado Teatro da Crueldade (concebido por Antonin Artaud), em que é abolida a fronteira entre público e actores. Costumava dizer que companhia La Fura dels Baus é um “fenómeno soci 

Durante a sua carreira, Jürgen Müller foi professor, dirigiu vários espectáculos, enveredou pelo teatro digital.

A equipa da La Fura dels Baus lamentou a “triste perda” do seu colega, e deixou uma mensagem colectiva nas redes sociais em que declara: “Descansa em paz, “furero”. Viva Jürgen Müller!”.

Ao longo de 40 anos de existência, a companhia teatral levou à cena cerca de 500 espectáculos e projectos artísticos com a sua linguagem própria, entre os quais se destacam Manes, peça fundamental da década de 1990, e óperas como Karl V., Frankenstein, Manon Lescaut, Turandot ou Carmina Burana.

A companhia actuou por diversas vezes em Portugal, as mais recentes em 2018, no final do festival Super Bock Super Rock (SBSR), no Parque das Nações, em Lisboa, e em Dezembro de 2019, com a sua versão de Carmina Burana, apresentada no Campo Pequeno, também na capital.

La Fura dels Baus foi uma das atracções da Expo"98, nomeadamente com Ombra, homenagem ao poeta andaluz Federico García Lorca.

Jürgen Müller foi um dos responsáveis pelo espectáculo da companhia catalã, no fecho da Guimarães - Capital Europeia da Cultura 2012.