Socialistas vencem a eleição, independentistas ganham a maioria

Apesar do bom resultado dos socialistas catalães, os independentistas reforçam a maioria no parlamento regional catalão. Cidadãos acentua o desastre que se adivinhava, o PP tem o pior resultado de sempre e o Vox irrompe como quarta força.

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Santiago Illa, o cabeça-de-lista do Partido dos Socialistas Catalães, no seu discurso de vitória Toni Albir/EPA

O Partido Socialista dos Catalães (PSC) ganhou as eleições regionais na Catalunha (com 98,77% dos votos contados tinha 22,99%) mas sem conseguir impedir que os partidos independentistas conseguissem a maioria no parlamento regional e que pela primeira vez tivessem em conjunto mais de 50% dos votos.

Os socialistas, que não ganhavam uma eleição na região desde Pasqual Maragall, em 2003, não conseguiram, no entanto, obter mais deputados do que o segundo partido mais votado, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), ambos com 33 deputados, mas pretendem tentar formar governo, apesar de ser muito difícil (ou impossível) consegui-lo.

Mesmo assim, Salvador Illa, no seu discurso de vitória, assente na quase duplicação de mandatos do seu partido (tinha 17), sublinhou que a “mudança chegou” à Catalunha e reafirmou a sua intenção de formar executivo.

A possibilidade de um governo de coligação de esquerda entre o PSC e a ERC, defendida durante a campanha eleitoral por Illa, o ex-ministro da Saúde que deixou o cargo para se lançar nestas eleições, foi posta de parte pela esquerda independentista que garantiu que não apoiaria um governo liderado pelo PSC (apesar de ter permitido a formação do governo de Espanha liderado pelos socialistas).

Mas com os independentistas com mais de 50% dos votos (somando os 2,72% do PDeCat), o cenário mais óbvio perante os resultados deste domingo é o de uma coligação dos partidos independentistas, invertendo a liderança que saiu das eleições de 2017, com a ERC agora como principal partido (21,3%) e com a Juntos pela Catalunha (Junts, 20,1%) a secundar. Contudo, para garantir o apoio maioritário ao seu governo, precisam ainda de um acordo da Candidatura da Unidade Popular (CUP), que teve um muito bom resultado (6,7%), mais do que duplicando o seu número de deputados. Passou de quatro para nove assentos. 

Esse bom resultado da CUP permitiu ao campo independentista reforçar-se no parlamento regional e ajudar aos 50,82% obtidos. Algo que fez com que Carles Puigdemont, o antigo presidente do governo catalão, numa mensagem transmitida por vídeo desde Bruxelas (para onde fugiu exilado e onde é agora eurodeputado), afirmar que “o independentismo ganhou” e só ele “pode construir uma alternativa” de governo.

O resultado das eleições deste domingo foi ainda mais um prego no caixão do Cidadãos (Cs) ou, pelo menos, acentuou ainda mais a queda do partido de centro-direita que veio das últimas eleições nacionais espanholas e obrigou à demissão do seu fundador, Albert Rivera.

O mau resultado já era antecipado por todas as sondagens, mas a queda do Cs acabou por ser mais amarga do que o previsto e o partido de Inés Arrimadas passa da primeira força política da Catalunha, com 36 deputados, a sétima, com apenas seis deputados (teve 5,56% dos votos). O resultado só não foi pior porque o partido de centro-direita conseguiu manter deputados suficientes para formar um grupo parlamentar (seis deputados). Algo que o Partido Popular não conseguiu. A segunda maior força política em Espanha teve o seu pior resultado de sempre na Catalunha (3,84%), voltando a falhar o que já não havia conseguido em 2017, chegar ao limite mínimo de cinco deputados para ter direito a grupo parlamentar (ficou com quatro).

Ao mau resultado dos partidos de direita não é alheio a irrupção do Vox no cenário político catalão. Na primeira vez que consegue eleger deputados, a formação de extrema-direita, que apresentou como cabeça-de-lista Ignacio Garriga, consegue a quarta maior bancada do parlamento catalão, com 11 deputados depois de ter obtido 7,68% dos votos.

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