Covid-19 provoca perdas de 2838 milhões nos alojamentos turísticos

A Área Metropolitana de Lisboa sofreu o maior recuo, ao cair 76,7% para os 319,8 milhões de euros, e voltou a ser superada pelo Algarve.

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No caso do Algarve, a descida foi de 62,1%, para os 465 milhões de euros. LUSA/LUÍS FORRA

No ano passado, os alojamentos turísticos contabilizados pelo INE tiveram proveitos de 1457,3 milhões de euros, o que representa um recuo de 66,1%, equivalente a 2838 milhões, face a 2019. É preciso recuar a 2008 para assistir a um valor inferior ao registado no ano passado.

De acordo com a informação disponibilizada esta segunda-feira pelo INE, e que vem confirmar vários dados já avançados na estimativa rápida, foi na Área Metropolitana de Lisboa que se registou o maior recuo, ao cair 76,7% para os 319,8 milhões de euros, tendo voltado a ser ultrapassado pelo Algarve como a região com mais receitas turísticas. No caso do Algarve, a descida foi de 62,1%, para os 465 milhões de euros.

No Norte (onde se destaca o Porto), a queda foi de 63,7% para os 233,2 milhões, seguindo-se o Centro com -53,3% para os 165,9 milhões, e a Madeira com -68,1% com 129,9 milhões, o Alentejo com -35,3% (a menor queda) para 113,1 milhões e os Açores com -74,2% (a segunda maior descida), para apenas 30,3 milhões.

Ao todo, houve 10,5 milhões de hóspedes no país no ano passado, responsáveis por 26 milhões de dormidas (quedas de 61,3% e de 63,0%, respectivamente), interrompendo um ciclo de crescimento que durava há vários anos. Pela primeira vez desde 1978, o número de dormidas de estrangeiros foi inferior ao de nacionais.

Assim, registaram-se 13,6 milhões de dormidas de residentes (uma queda 35,4%), o valor mais baixo desde 2013, e 12,3 milhões de dormidas de não residentes (-74,9%), “o valor mais baixo desde 1984”, conforme destaca o INE, provocado pelas restrições às viagens.

O Reino Unido, explica o INE, “manteve-se como principal mercado emissor em 2020, representando 16,3% das dormidas de não residentes”, com dois milhões de dormidas, isto “apesar do decréscimo de 78,5% face ao ano anterior”. Seguiram-se depois o mercado alemão, com 14,6% (1,8 milhões) do mercado externo, e o espanhol com 14,5% (1,78 milhões), sendo que o INE não contabiliza as unidades de alojamento local com menos de dez camas. Num ano atípico, o melhor mês foi Fevereiro, antes da declaração da pandemia de covid-19, com uma fatia de 20% do total.

Saldo a encolher

Ao nível das exportações de serviços de viagens e turismo (ou seja, o dinheiro que entrou em Portugal devido aos turistas estrangeiros), contabilizadas pelo Banco de Portugal, verificou-se uma queda de 55,8% para 7679 milhões de euros nos primeiros 11 meses do ano passado.

O saldo entre exportações e importações continua a ser positivo, mas “encolheu” 61% para 4847 milhões de euros (com efeitos negativos ao nível do saldo do total da balança comercial).

Em 2019, o turismo representou a entrada de 18.431 milhões de euros, mais 8% do que em 2018, atingindo assim mais um novo recorde e ajudando a manter a balança comercial positiva.

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