PSD retira 12 deputados da lista de vacinação, incluindo Rui Rio, por discordar de “opção alargada” de Ferro

Sociais-democratas decidiram só no sábado que afinal 12 dos seus deputados, incluindo Rui Rio e Adão Silva, não querem receber a vacina agora. BE, PAN, Chega e IL recusam vacinação para já.

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Rui Rio, à esquerda, e Adão Silva, à direita, entendem que não devem ainda ser vacinados nesta fase. Nuno Ferreira Santos

Dos 50 nomes de deputados e deputadas que Eduardo Ferro Rodrigues indicou ao primeiro-ministro, na sexta-feira à noite, para serem vacinados na segunda fase do plano de vacinação contra a covid-19, o PSD mandou no sábado retirar 12 parlamentares seus, incluindo Rui Rio, os vice-presidentes do partido André Coelho Lima e Isaura Morais, o líder parlamentar Adão Silva, e o secretário-geral José Silvano. A relação tem agora apenas 38 pessoas.

Ferro Rodrigues tinha hierarquizado, segundo a lei do protocolo de Estado, uma lista dos parlamentares que assumem funções específicas na organização interna do Parlamento, como o próprio presidente, vice-presidentes, líderes dos grupos parlamentares e das comissões parlamentares e também os membros da comissão permanente. Rui Rio, por ser líder do maior partido da oposição, ocupava o segundo lugar, logo depois de Ferro Rodrigues.

A lista inclui parlamentares do PS, PSD, PCP, CDS, PEV e a deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira. Tanto os deputados do BE (que defende que só Ferro devia ser vacinado) como os do PAN, Chega e Iniciativa Liberal e a deputada não-inscrita Cristina Rodrigues comunicaram que não pretendiam ser vacinados. Apesar de saber desde quarta-feira como seria elaborada a listagem, o PSD nada disse, nem mesmo na reunião da conferência de líderes de quinta-feira, onde se definiu que o prazo para as comunicações seria no dia seguinte. Só depois de tornada pública a relação de deputados é que o PSD reagiu.

“O PSD entende que não devia ser usada uma opção tão alargada de escolha dos deputados”, justificou ao PÚBLICO fonte da direcção do partido, alegando que faria sentido ser apenas a comissão permanente, por exemplo - o órgão do plenário que funciona de forma mais restrita nas férias ou em casos urgentes e que conta com apenas 44 deputados de todos os partidos. “Neste enquadramento, estes doze deputados entendem que não devem ainda ser vacinados”, acrescentou.

Encabeçada por Ferro Rodrigues, a lista integrava a seguir Rui Rio como presidente do maior partido da oposição (mas que sai); seguido pelos vice-presidentes Edite Estrela (PS) e António Filipe (PCP). Seguem-se os presidentes dos grupos parlamentares do PS, Ana Catarina Mendes; do CDS, Telmo Correia; e do PEV, José Luís Ferreira, assim como a deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira. 

A seguir constam os presidentes socialistas das comissões parlamentares permanentes – o BE e o PSD prescindiram -, e o da comissão eventual de acompanhamento da resposta à covid-19. Está também a presidente da administração do Parlamento, a socialista Eurídice Pereira. Maria da Luz Rosinha (PS), Duarte Pacheco (PSD) e Ana Mesquita (PCP) são os únicos secretários da Mesa que aceitaram ser vacinados, assim como os vice-secretários da Mesa do PS Diogo Leão e Sofia Araújo, e do PSD Lina Lopes. Há também parlamentares socialistas e sociais-democratas que integram a Comissão Permanente – os restantes partidos, incluindo o PCP, abdicaram de ser vacinados nesta fase.

Na carta, Ferro Rodrigues acrescenta que tenciona remeter “posteriormente” uma “segunda relação nominativa, alargada ao universo das deputadas e dos deputados, assim o permita a disponibilidade de vacinas” e lembra que há também um conjunto de entidades independentes que funcionam junto da AR e que devem ser contactadas directamente sobre a questão, como a Provedora de Justiça, a CNE, a ERC ou a Protecção de Dados.

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