Juros de Portugal em novo mínimo abaixo de zero

Taxa da dívida pública a dez anos em -0,01%, na antevéspera de uma importante reunião do Banco Central Europeu.

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Nuno Ferreira Santos (arquivo)

As taxas de juro da dívida pública portuguesa voltaram a entrar em terreno negativo, fixando nesta terça-feira um novo mínimo. A taxa das obrigações da dívida soberana a dez anos está em -0,01%.

A dívida portuguesa a dez anos tinha-se estreado em terreno negativo a 26 de Novembro. Foi por pouco tempo, mas foi suficiente para colocar Portugal no lote dos países com taxa negativa, cenário que se repetiu hoje no mercado secundário (aquele em que os investidores negoceiam títulos de dívida entre si). Espanha e Itália também viram a taxa descer para novos mínimos, mas ainda em terreno positivo, ao contrário de Portugal.

Tal resultado acontece na antevéspera de mais uma reunião do conselho de governadores no Banco Central Europeu (BCE), agendada para quinta-feira. O banco agora liderado por Christine Lagarde tem tido um papel fundamental na descida das taxas de juro de países como Portugal, cujos títulos de dívida soberana têm, na opinião de agências como a Standard & Poors, um rating ainda longínquo do dos países como a Alemanha, cujas obrigações servem de referência ao mercado e que cobra aos investidores que lhe empresta dinheiro na compra de dívida pública.

A curva descendente dos juros de Portugal nos títulos que servem de referência ao mercado europeu de obrigações teve início em 2012. Com a excepção de um período intermédio após o início do programa de compra de activos do BCE, que começou em 2015, essa curva foi caindo até aos níveis de hoje.

E nem os desequilíbrios orçamentais gerados pelo combate à pandemia afectaram, até ao momento, a confiança dos investidores, aferida por essa taxa de juro, que sinaliza a capacidade de um país se financiar no mercado. Isto porque o BCE, logo em Março, anunciou que reforçaria as compras de títulos de dívida soberana na Europa.

Há, por isso, alguma expectativa sobre o que sairá do encontro de dois dias no BCE. A chegada de vacinas anti-covid-19 inflaram uma certa dose de optimismo nos mercados financeiros. A reunião desta semana do BCE deverá esforçar-se por encontrar forma de não beliscar a confiança, mantendo o apoio ao euro e aos países.

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