O D’Avenida é um restaurante que quer devolver o glamour à Boavista

Abriu há um ano na emblemática avenida da cidade do Porto. A pandemia trocou-lhe as voltas mas a equipa quer dar a volta por cima. Há comida asiática e portuguesa de mãos dadas – e um DJ pronto a dar música enquanto dura o jantar.

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Paulo Pimenta
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São 19h30 de uma quinta-feira de Novembro, estado de emergência no meio de nós, e assim que nos abrem a porta do D’Avenida parece-nos que alguém puxou a fita atrás. Uma pandemia é uma pandemia, muita coisa mudou nas nossas rotinas, pelo que experimentamos a sensação de estarmos, finalmente, a sair à noite. Uau!

O D’Avenida abriu há cerca de um ano, na Avenida da Boavista, no Porto, mesmo ao lado da cervejaria Cufra, morada emblemática da cidade, no mesmo sítio onde durante vários anos funcionou o Hiva-Oa, um bar polinésio que se distinguia pelos cocktails extravagantes servidos com palhinhas gigantes. As memórias que ainda nos sobram dessa outra vida do espaço são imediatamente apagadas porque o D’Avenida diz logo ao que vem: “Fine dining & Clubbing. A decoração cuidada, a dourado e negro, e os jogos de luz que se estabelecem em dois espaços distintos da sala ajudam a tornar claras estas duas valências.

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Não fosse a crise sanitária, que nos empurra para casa até às 23h e impõe o fecho dos restaurantes às 22h30, começaríamos por uma bebida de boas-vindas na zona de bar – onde, em tempos pré-pandémicos, havia um DJ a animar as noites de sexta-feira e sábado (agora só à sexta, enquanto dura o jantar). Sendo assim, atalhamos caminho: tomamos o cocktail à base de gin e frutos vermelhos à mesa, enquanto olhamos em volta e registamos, com agrado, que, apesar das restrições, ainda há quem saia para jantar.

Viemos experimentar o menu de degustação do chef Tiago Fernandes, uma viagem de seis momentos que nos leva dos sabores orientais aos mais tipicamente portugueses. O serviço, a acompanhar a necessidade do encerramento antecipado, é diligente, sem ser apressado. O couvert, manteiga de saké, azeite de Trás-os-Montes e pasta de feijão, acompanha com pão cozido na casa e logo em seguida saltamos para as boas-vindas do chef, uma empanada de vitela com vegetais, picante no ponto.

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Por esta altura já Diogo Maciel, o gerente e sommelier, nos serviu o vinho com que iremos acompanhar o primeiro momento do menu. Trata-se de um Cloudy Bay Sauvignon Blanc 2019, um vinho neozelandês que casou na perfeição com o sushi. No set de dez peças constavam nigiris de enguia fumada, de atum e de robalo; gunkans e uramakis dragon. O sushi bar, para o qual temos vista privilegiada, é “um complemento importante à cozinha de autor” que se pratica no D’Avenida, há-de notar Diogo Maciel, sublinhando que estas criações de origem japonesa têm conquistado a clientela. Declaração de interesses: conquistaram também a autora destas linhas, que confessa não ser uma adepta fervorosa de sushi.

Do sushi avançamos para o bao de barriga de porco, kimchee e mayo de sriracha, que acompanhamos com o espumante Muros Antigos Alvarelhão 2012. Tiago Fernandes, o chef, explica-nos depois que, tendo em conta as características da casa, “bonita, com um aspecto nocturno que nos remete para um ambiente de glamour”, procurou ter na carta opções que agradassem ao cliente “trendyque busca o d’Avenida. “Um dos meus objectivos foi tentar fundir um pouco a gastronomia asiática com a portuguesa. Sempre, claro, com base na qualidade do produto.”

O salmonete com puré de couve-flor, espargos glaceados e molho dos fígados acompanhou com o vinho Olo Branco 2016. Já o porco ibérico com migas minhotas e pêra em diferentes texturas teve a companhia de um Bastardo Conceito 2018.

Nas sobremesas, provaram-se um gelado de amarena e merengue e uma rabanada com creme de ovo e gelado de sésamo negro, harmonizada com um Madeira Borges Malvasia Fina 1998.

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Rabanada com creme de ovo e gelado de sésamo negro Paulo Pimenta
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Um ano depois do arranque da experiência, Diogo Maciel lembra que logo de início o D’Avenida teve “boa aceitação”, tendo os meses de Janeiro e Fevereiro sido “relativamente bons”. Com a pandemia, como centenas de outros restaurantes por todo o país, “teve de se reinventar”, pondo a funcionar o serviço de take away. Mais recentemente, o D’Avenida criou um serviço de entregas próprio e decidiu lançar vouchers de Natal. “Servirão, por exemplo, para as empresas, impossibilitadas de fazerem os seus habituais jantares da época natalícia, poderem oferecer aos seus colaboradores comida de autor”, explica Diogo Maciel. Os vouchers incluem um vinho e um menu de degustação de quatro momentos e custam 40€.

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O chef Tiago Fernandes e Diogo Maciel, gerente e "sommelier" do D'Avenida Paulo Pimenta

“Aconteceu muita coisa pouco depois de termos aberto. Quando ainda estávamos a solidificar a nossa carta, mudou tudo, tivemos que nos adaptar às novas necessidades dos clientes e dos tempos que vivemos. Isso tudo tornou a tarefa de criar uma identidade para a casa mais difícil”, desabafa Tiago Fernandes, que, ainda assim, consegue vislumbrar “alguns sinais de evolução neste cenário catastrófico”. “Só precisamos que nos deixem mostrar a qualidade do nosso produto e da nossa casa.”

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