Restaurantes portuenses promovem rivais para “salvar milhares de empregos”

“Hoje todos os restaurantes precisam do seu apoio”. Restaurantes em Portugal começaram publicitar-se uns aos outros como forma de apoio.

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Nuno Ferreira Santos

Vários restaurantes portuenses estão a apelar à população para que frequente outros restaurantes rivais, sensibilizando para a importância de garantir a sobrevivência do sector, novamente sobre “ataque”. A ideia foi lançada pelo restaurante portuense Lado B, antes mesmo de ter sido conhecida esta segunda-feira uma campanha similar lançada pela rede britânica da Burger King

Numa publicação no Facebook, intitulada “Vamos todos ajudar os restaurantes” o Lado B sublinha que se adivinham tempos difíceis, se a primeira vaga obrigou a encerrar portas, a segunda vaga “mais controlada por agora”, pede alguma antecipação e muita imaginação.

“Se antes já aconselhávamos os vizinhos, ou porque estávamos cheios ou encerrados para descanso, entendemos agora que a restauração não deve caminhar por si, individualmente. Para salvar milhares e milhares de empregos, hoje todos os restaurantes precisam do seu apoio”, lê-se no texto publicado no dia 1 e onde se sugere cerca de 30 alternativas ao Plano B.

Já o restaurante Nogueira's adapta um pouco o estilo Burger King num post com o título “Vá ao Flow”. “Acreditamos que somos um porto de abrigo e não um perigo ameaçador. Por isso, se não vier ao Nogueira's, vá ao Flow, vá ao Terminal 4450, vá ao Brasaria, vá ao Guilty, vá a todos os que merecem o seu apoio neste Inverno doloroso”, lê-se na publicação também no Facebook, onde se salienta que “a lista de restaurantes a colocar é interminável”.

Salientando que, em circunstâncias normais, não fariam tal pedido, os autores da publicação salientam que “o importante é ir”, na medida em que todos precisam do contributo dos clientes para sobreviver.

“As defesas ainda estão a ser reconstruídas e já estamos novamente sobre ataque”, lê-se na publicação, onde se ressalva que sempre foram respeitadas as medidas e vontades de quem manda.

Em declarações à Lusa, um dos proprietários do Nogueira's, Henrique Nogueira, refere que o negócio está a ser muito afectado pela pandemia de covid-19, tendo, por exemplo, reduzido o número de refeições servidas de 300 para 30 em dias que antes da pandemia eram de casa cheia. “Já só estamos a falar de sobreviver”, disse à agência.

Apesar de não ter ainda noção do número de restaurante que aderiram a esta iniciativa, Henrique Nogueira adianta que há já outros estabelecimentos que entram em contacto demonstram vontade de integrar a campanha.

Na sexta-feira, a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) tinha já apelado ao Governo para não tomar medidas que restringissem a actividade das empresas, acentuando que, se tal suceder, serão necessários apoios “mais robustos”, nomeadamente de um acesso ao “lay-off” simplificado desligado de quebras de facturação.

Se não houver essa resposta, a AHRESP alerta que se irá assistir a uma situação, “sem precedentes, de encerramento massivo das empresas”.

No mesmo dia, o final da reunião da Concertação Social, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira referiu que o Governo está a ponderar novas medidas de apoio ao emprego e às empresas em resposta ao agravamento da pandemia de covid-19

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