Euribor a seis meses caiu para o valor mais baixo de sempre

Custo dos empréstimos à habitação associados às taxas Euribor mantêm tendência de descida. Novos créditos voltaram a aumentar.

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Taxas de juro negativas incentivam a compra de habitação Miguel Manso

As taxas Euribor, a que está associada a maioria dos empréstimos à habitação em Portugal, voltaram às quedas, agravando os valores negativos em que se encontram há cerca de cinco anos. O prazo a seis meses, o mais utilizado no conjunto dos contratos, atingiu, esta quarta-feira, o valor mais baixo de sempre, de -0,451%.

A Euribor a três meses manteve-se nos -0,478%, perto do valor mais baixo de sempre, de -0,489%, registado em Março. E no prazo de 12 meses, praticamente o único utilizado nos contratos de crédito mais recentes, a taxa recuou para -0,389%, muito próxima do actual mínimo, de -0,399%.

A queda das taxas de juro é positiva para quem pede novos empréstimos, mas também para os empréstimos já em vigor, cuja taxa de juro é actualizada periodicamente.

Mas não é positiva para a rentabilidade dos depósitos a prazo dos particulares, visível na taxa média, que se manteve em 0,06% em Julho, não se alterando face ao mês de Junho, de acordo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

No entanto, a explicação para o agravamento do valor negativo não é boa, uma vez que se prende com a política monetária do Banco Central Europeu, que, em face de uma conjuntura económica negativa, tem reduzido as suas taxas directoras (nos empréstimos a bancos e outras operações), e injectando dinheiro nos mercados.

A queda das taxas Euribor nos últimos meses e a redução dos spreads (margem comercial dos bancos), explicam que a taxa média dos novos empréstimos à habitação, contratados em Julho, tenha caído sete pontos base, para 1,09%, segundo os dados do BdP.

Nos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média desceu para 6,54% (6,67% em Junho) e nos empréstimos para outros fins aumentou para 3,19% (2,79% no mês anterior).

A reflectir o mais risco da conjuntura, o custo do dinheiro para as empresas subiu para 1,99%, mais 26 pontos base face à taxa de juro média dos empréstimos contratados em Junho.

Para além de outras razões, como o elevado custo das rendas, as baixas taxas de juro continuam a incentivar o recurso aos empréstimos à habitação, apesar dos preços elevados dos imóveis. Em Julho, o valor emprestado para esse fim ascendeu a 931 milhões, quase mais 100 milhões que em Junho. O crédito ao consumo também está a regressar a níveis anteriores à pandemia, atingindo um total de 575 milhões de euros. Com Lusa

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