Quando uma rede que separa se torna num grito de união: “Black Lives Matter

Nos Estados Unidos, uma rede foi colocada à volta da Casa Branca para impedir a entrada de manifestantes. Mas a vedação foi transformada num memorial que pede, em forma de arte, o que se grita nas ruas.

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Lucas Jackson/Reuters

A rede nasceu, à volta da Casa Branca, para impedir que os milhares de manifestantes que estão nas ruas de Washington D.C., nos Estados Unidos, se aproximassem do edifício. Uma medida que os Serviços Secretos dizem ser “necessária” — mas que mereceu cânticos de desagrado: “É assim que a democracia é”, gritava a multidão na última quinta-feira, 4 de Junho, enquanto empurravam a rede. 

E se a rede nasceu para separar, rapidamente se tornou num memorial coberto de arte que grita que as vidas negras importam. Retratos de George Floyd, o homem assassinado às mãos de um polícia que desencadeou os movimentos, palavras de ordem e perguntas para pensar: “Quantos [homicídios] não foram filmados?”

É quase uma galeria de arte, com cartazes, faixas, cruzes e bandeiras, criada a várias mãos — que não esquece os que morreram vítimas da violência policial e exige mudança. Continua a crescer — e tem muito por onde se estender, já que a rede colocada envolve uma área de mais de 72 mil metros quadrados. 

Lucas Jackson/Reuters
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Joshua Roberts/Reuters
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Sobre a vedação, Muriel Bowser, mayor de Washington, mostrou-se preocupada, principalmente quanto à permanência da rede, que previsivelmente deverá ser retirada a 10 de Junho — data em que os Serviços Secretos disseram abrir a área, ainda que sem especificar se a rede seria retirada. “É triste que a Casa Branca e os habitantes tenham que ser separados por uma parede”, disse, citada pela CNN. “Sou uma das pessoas que cresceu em Washington e estou habituada a ter acesso a todas as instalações federais, desde as áreas do Capitólio ao Supremo Tribunal, passando pela Casa Branca. E agora, tudo isso está ameaçado.”

As manifestações contra o racismo e a violência policial já duram há mais de uma semana nos Estados Unidos, e estenderam-se por todo o mundo. Também em Portugal, no último sábado, 6 de Junho, manifestantes saíram à rua em Braga, Coimbra, Lisboa, Porto e Viseu. O mote é o mesmo: “Combater a violência policial e o racismo para resgatar um futuro colectivo de igualdade e dignidade.

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