PIB sobe 2% em 2019 e supera previsão de Centeno

O crescimento da economia portuguesa no ano passado chegou aos 2,0%, ligeiramente acima da estimativa do Governo que apontava para 1,9%. Em reacção, ministro das Finanças salientou o “comportamento positivo das contas públicas”, sinalizando “alguma esperança” sobre a existência de excedente

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Reuters/RAFAEL MARCHANTE

O Governo previa que o Produto Interno Bruto (PIB) crescesse 1,9% em 2019. O Banco de Portugal e a Comissão Europeia esperavam que o crescimento chegasse aos 2%. E o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou, esta sexta-feira, esta previsão mais optimista: o PIB progrediu 2% no ano passado graças a uma aceleração da actividade económica no quarto trimestre.

De acordo com os dados do INE, no quarto trimestre o PIB avançou 2,2% em termos homólogos e 0,6% face ao trimestre anterior.

Os valores relativos ao decisivo quarto trimestre explicam-se pelo contributo positivo da procura externa na variação homóloga, que contrasta com a evolução negativa que vinha registando nos trimestres anteriores. Entre Outubro e Dezembro de 2019, verificou-se uma aceleração das exportações de bens e serviços, em simultâneo com a desaceleração das importações. Por outro lado, a procura interna abrandou face ao terceiro trimestre, com a desaceleração do consumo privado e do investimento.

Neste cenário, numa comparação com o terceiro trimestre, segundo explica o INE, “o PIB aumentou 0,6% em termos reais (variação em cadeia de 0,4% no trimestre anterior)”, com o contributo da procura externa a passar de negativo a positivo, enquanto o contributo da procura interna foi negativo, após ter sido positivo.

No conjunto do ano 2019, o crescimento de 2%  que representam um abrandamento face aos 2,4% de 2018 – acabou por sintetizar a conjugação do contributo positivo menos intenso da procura interna - reflectindo o abrandamento do consumo privado – com o contributo ligeiramente menos negativo da procura externa líquida, - dada a desaceleração das exportações e das importações.

As previsões do Governo – de um crescimento de 1,9% - estavam alinhadas com as da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Conselho das Finanças Públicas.

O desempenho validado esta sexta-feira pelo INE foi antecipado pelo economista-chefe do Banco Montepio, Rui Bernardes Serra, que sublinhou à Lusa que a progressão de 2% antecipava um “cenário de crescimento em cadeia assumido para o quarto trimestre de 2019, que traduz uma aceleração da economia na recta final do ano”.

Para 2020, as previsões do Governo apontam para um crescimento de 1,9%, um cenário mais optimista que a Comissão Europeia mas que representa uma nova desaceleração anual da economia portuguesa, num cenário marcado por persistentes tensões comerciais entre os principais blocos económicos e pela menor capacidade do Banco Central Europeu (BCE), na zona euro, de criar estímulos à actividade económica com a actual política de juros baixos.

Em reacção, e em conferência de imprensa realizada no final da manhã desta sexta-feira, o ministro de Estado e das Finanças salientou a prestação da economia no último trimestre e afirmou ser “cedo para fazer declarações sobre o valor” do saldo orçamental de 2019.

“É cedo para fazer declarações sobre o valor do saldo para além daquelas que estão na projecção do Orçamento do Estado [défice de 0,2% do PIB]. É público que a execução em Dezembro correu bastante bem, mas temos de esperar pelo INE, que divulgará os números no final de Março”, disse Mário Centeno aos jornalistas no Ministério das Finanças em Lisboa, citado pela Lusa. 

O também presidente do Eurogrupo realçou, no entanto, o “comportamento positivo das contas públicas ao longo de 2019”, algo que dá “alguma confiança sobre a execução orçamental do ano”.

Notícia corrigida com o valor correcto da previsão do Governo

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