Morais Sarmento: “PSD não condiciona a sua proposta [do IVA da electricidade] a coisíssima nenhuma”

O vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento foi entrevistado pela TSF e pelo DN e disse que o campeonato de Rui Rio “não é o da oposição mais colorida, com mais sex-appeal”. É o de “ganhar eleições”.

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Nuno Morais Sarmento (PSD) Margarida Basto

A proposta de redução do IVA da electricidade foi um dos temas mais importantes da entrevista que Nuno Morais Sarmento deu neste domingo à TSF e ao Diário de Notícias, mas não foi o único. A nova direita portuguesa, o lugar do PSD no espectro político, a distância do Bloco de Esquerda e o regresso de Pedro Passos Coelho foram temas comentados pelo vice-presidente do PSD, a menos de uma semana do congresso do partido, marcado para 7,8 e 9 de Fevereiro em Viana do Castelo. Sobre uma eventual crise política na sequência de uma coligação negativa a pretexto do IVA da electricidade, Morais Sarmento recusou responsabilidades e disse que nada demoverá o PSD de levar a sua proposta a votos.

“A proposta do PSD é para levar até ao fim”, confirmou Nuno Morais Sarmento. “O PSD não condiciona a sua proposta a coisíssima nenhuma. Apresentou-a qual tal e é qual tal que, se entenderem, outros partidos poderão a ela aderir. Não há deve e haver aqui. Não há negociação nenhuma”, assumiu o vice-presidente do PSD, insistindo que o partido não deixará cair a sua medida, levando-a a votos. “Sendo coerente, o PSD olhará a qualquer proposta, independentemente da sua proveniência política, e desde que ela parta de um quadro económico realista, e que tenha uma proposta coerente na redução que proponha e nos contrapesos que apresenta, o PSD pode considerá-la”, acrescentou.

Neste sentido, Nuno Morais Sarmento rejeita quaisquer responsabilidades do PSD numa eventual crise. “O PSD não é responsável por crise política nenhuma. A crise política que eventualmente possa acontecer é por, afinal, o tal grande lago das esquerdas em que todos confluíam e se entendiam, para um país melhor, parecer que não existe. O PSD deve manter inalterável a sua posição”, assegurou o vice-presidente do partido. 

Morais Sarmento explicou que o PSD “não tem medo de crise política nenhuma que aconteça amanhã, depois de amanhã ou para a semana que vem” porque está com os olhos postos nas eleições autárquicas. “O PSD olha para as eleições autárquicas porque entende que são um momento decisivo”, assumiu, explicando que o “campeonato de Rui Rio não é o da oposição mais colorida, com mais sex-appeal para a comunicação social, em cada dia. É o de ganhar eleições”.

Além disso, o social-democrata mostrou-se também contra a formação de uma aliança entre PS e PSD. “Eu sou tão inequivocamente contra uma solução política de bloco central, como sou claro em dizer que a primeira trincheira da direita é o centro e é essa a trincheira do PSD. Para mim, estas duas afirmações são muito importantes e acho que com elas resolvem uma série de equívocos”.

Já sobre o facto de Pedro Passos Coelho ter reaparecido esta semana a falar de alianças - mas com o CDS -, Morais Sarmento desvalorizou: “Uma coisa são os saudosistas, outra coisa é ele. Que Pedro Passos Coelho queira, neste momento, marcar politicamente? Não, francamente não. Acho que Pedro Passos Coelho é suficientemente directo e claro, conhecemo-lo todos. Conhecemos todos as circunstâncias da sua vida o suficiente para não estarmos a dizer isso. Não é essa a preocupação, a prioridade dele neste momento. Portanto, não. Pedro Passos Coelho não está, ele, a marcar nada ou a antecipar nada. Aquilo que ele disse, acho que tem de ser reconduzido ao contexto de Ponte da Barca”, registou.

Assumindo não acreditar “que este Governo possa durar quatro anos”, o dirigente partidário que ainda não sabe se se manterá na vice-presidência, acredita que o executivo tem, “desde o primeiro dia, as condições do seu ‘datamento' anunciadas": a principal é a “inexistência de um acordo sólido, qualquer que ele fosse, entre o partido vencedor, mas minoritário, saído das eleições e as esquerdas com que disse querer voltar a entender-se”.

Nuno Morais Sarmento confessou ainda rever-se tanto no Chega como no BE, por serem” partidos de extrema-direita e de extrema-esquerda respetivamente”. E deixou um conselho ao CDS: “Se o CDS quiser cair na asneira, na minha opinião, de fazer o campeonato do Chega, está sempre a perder, porque o Chega dobra a parada, diga ele o que disser o Chega diz a dobrar.”

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