PCP e Livre conversam sobre leis laborais, salário mínimo e clima

Os dois partidos convergem na crítica à meta do programa do Governo: fixar em 750 euros o salário mínimo em 2023 é escasso.

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Fernando Veludo

Haverá ali convergência, mas será preciso perceber, no debate na Assembleia da República, até que ponto é que o Livre e o PCP se podem entender, no concreto. Os dois partidos reuniram-se nesta terça-feira ao fim da manhã no Parlamento a pedido do Livre e conversaram sobre as leis laborais, o crescimento do salário mínimo nacional, o aumento da oferta de creches públicas, o combate às alterações climáticas e até sobre a crescente digitalização da sociedade e os desafios que ela provoca.

Pelo Livre, a dirigente Isabel Mendes Lopes disse aos jornalistas que o partido pediu encontros a todos os partidos da esquerda e ao PAN para estabelecer os primeiros canais de comunicação para trabalho nesta legislatura - na semana passada encontrou-se com o Bloco e na anterior com o PEV. Acompanhada pela também dirigente Saffa Dib, Isabel Mende Lopes realçou que os dois partidos têm vários pontos programáticos em comum, destacando coincidências nas questões laborais - como a recusa do alargamento do período experimental - e alterações climáticas, na precariedade laboral e na crítica às “condições que os portugueses têm para constituir família” - por sinal, a dirigente do Livre tem-se feito acompanhar, nas reuniões, da filha bebé de cinco meses.

Não ficaram agendados novos encontros nem este foi o pontapé de saída para negociações ou convergências formais, fizeram questão de dizer Isabel Mendes Lopes e depois Jorge Pires, da Comissão Política do Comité Central do PCP. Os dois partidos identificaram os temas prioritários para cada um e sabem que há convergências, embora sem falarem de propostas concretas. Mas ambos apontam já baterias ao Governo sobre o salário mínimo nacional.

“O valor fixado, de 750 euros até 2023, não nos satisfaz; nós defendemos que deve ser de 900 euros até 2023. Lutaremos para que esse valor seja mais alto do que o estipulado no programa do Governo”, garantiu Isabel Mendes Lopes.

O PCP, que desde Maio subscreve o valor objectivo avançado pela CGTP de ter o ordenado mínimo nos 850 euros, apesar de definir um valor ligeiramente mais baixo do que o Livre, não fixa o calendário. “Apresentámos proposta de 850 euros e vamos bater-nos por isso. (...) Depois vamos ver, na AR, como é que os partidos acompanham ou não”, afirmou Jorge Pires aos jornalistas. “O que o programa do Governo diz sobre isto é claramente insuficiente porque aponta para um valor no final da legislatura de 750 euros mas ainda sujeito ao que vão ser as negociações na concertação social.

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