Deutsche Bank vende ramo de corretagem ao francês BNP Paribas

Dificuldades financeiras do banco alemão ditaram transferência de activos para banco francês. Mudança só deverá ficar concluída em 2021.

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O Deutsche Bank é o maior banco da Alemanha Ralph Orlowski/Reuters

Depois de falhar a fusão com o Commerzbank e de iniciar um plano de reestruturação, o Deutsche Bank chegou a acordo com o BNP Paribas para vender ao grupo francês o seu negócio de corretagem, ramo onde se inclui a gestão dos hedge funds.

A transferência dos activos deverá ficar concluída no final de 2021 e poderá implicar a passagem de entre 800 a mil funcionários do banco alemão para a instituição francesa.

A enfrentar dificuldades financeiras que já o obrigaram anunciar a saída de 18.000 trabalhadores até 2022, o Deutsche Bank diz que ao alienar agora este ramo de negócio dá aos seus clientes “benefícios reais tangíveis”, ao mesmo tempo em que dá à sua equipa “um caminho a seguir”, segundo afirmou à Bloomberg o director de operações do Deutsche Bank, Frank Kuhnke.

O acordo assinado entre os dois bancos “visa assegurar a continuidade do serviço dos clientes Global Prime Finance e Electronic Equities de Deutsche Bank”, refere um comunicado emitido pelos dois bancos. De acordo com a Bloomberg, ao assimilar a área da corretagem do banco alemão, o BNP Paribas fica entre as quatro maiores corretoras do mundo, com 250 a 300 mil milhões de dólares em saldos de clientes.

À agência de notícias norte-americana, Frank Kuhnke mostrou-se convicto de que, para o banco alemão, agora o banco terá “bases para recuperar e expandir os negócios”.

Perante as dificuldades financeiras que se reflectiram numa forte descida das suas acções, o Deutsche Bank esteve a negociar uma fusão com o concorrente Commerzbank, mas, falhado o plano inicial, o banco alemão decidiu avançar para uma reestruturação profunda que implicará uma redução do número de funcionários em 18 mil até 2022 (perto de 20% dos 91.500 actuais funcionários).

O Commerzbank e o Deutsche Bank já tinham tentado uma aproximação em 2016, antes de a fusão começar a ser falada em finais de 2018 e inícios de 2019, mas também nessa altura não houve acordo. A reestruturação entretanto lançada pelo principal banco alemão implica a criação de uma espécie de “banco mau”, o “Capital Release Unit”, para gerir activos relacionados com a actividade do banco de investimento.

Em Portugal, o Deutsche Bank foi um dos 14 bancos que há poucas semanas foram alvo de coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência portuguesa (AdC) por causa de “troca de informação sensível” sobre créditos, praticada entre instituições bancárias entre 2002 e 2013.

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