Produtividade – o desafio essencial para sustentar o crescimento numa economia virada para o futuro

Hoje, com taxas de desemprego baixas e uma perspetiva de evolução demográfica difícil, a sustentabilidade do crescimento tem na produtividade um eixo central.

Celebra-se hoje o Dia Internacional da Produtividade.

Portugal registou um crescimento homólogo do PIB de 1,8% no 1.º trimestre de 2019, sustentado pelo aumento de 17,8% no investimento, essencial para um crescimento mais robusto e que nos últimos anos tem sido o elemento mais relevante na evolução da economia. O investimento empresarial tem tido um desempenho notável, sendo demonstrativo de como a orientação das empresas tem estado focada em melhorar a sua capacidade concorrencial. Apesar da procura nos mercados internacionais não ser muito dinâmica, as exportações de bens e serviços apresentaram um crescimento homólogo de 3,4%, e continuam a demonstrar a capacidade das empresas portuguesas ganharem quotas de mercado nos principais destinos das exportações portuguesas: Espanha, Alemanha, França e Reino Unido.

Ao longo da última década, o modelo de crescimento português esteve assente na exploração do potencial exportador da nossa economia. Portugal apresenta hoje um volume de exportações superior a 44% do PIB nacional, cerca de 13 pontos percentuais mais que há dez anos atrás, conseguindo concorrer e afirmar-se nos mercados globais, não apenas pelos menores custos de produção, mas pela qualidade, especialização e credibilidade dos seus produtos e das suas empresas. Hoje, o made in Portugal é um importante ativo concorrencial.

A política do Governo de devolução de rendimentos do trabalho foi marcante, por razões de justiça social, mas a aposta para o crescimento económico faz-se do lado da orientação das empresas para o mercado global – exportações, e das condições que o podem sustentar: o investimento empresarial.

Para tal, muito contribuíram os incentivos do PT2020, sobretudo da responsabilidade do IAPMEI, um papel de estímulo e suporte ao investimento empresarial. Estão hoje realizados pagamentos na ordem dos 2,2 mil milhões de euros, mais mil milhões que no quadro financeiro do QREN.

Esta evolução permitiu a criação de 350 mil postos de trabalho e contribuiu para a diminuição acentuada da taxa de desemprego, de 12,2% no final de 2015 para 6,8% no primeiro trimestre do ano.

Em muitas regiões e sectores económicos existem já barreiras, resultantes da escassez de recursos humanos, que podem tornar mais difícil sustentar os investimentos empresariais.

Atualmente, a orientação das políticas públicas para a economia é marcada pelo estímulo ao investimento, pela promoção de uma maior incorporação de conhecimento, pelo fomento de inovação nos produtos e serviços e pela aposta nas exportações, condições essenciais da melhoria da produtividade, que é hoje cada vez mais decisiva.

Urge intensificar esse esforço porque na produtividade condensa-se a melhoria da utilização dos recursos e esses fatores distintivos de competitividade.

Hoje, com taxas de desemprego baixas e uma perspetiva de evolução demográfica difícil, a sustentabilidade do crescimento tem na produtividade um eixo central.

A transformação digital da economia, que motivou o lançamento do Programa Indústria 4.0, cada vez mais presente na economia mundial, irá ser decisiva para alinhar as tendências do mercado com a oferta de produtos, ajustando os mecanismos de produção (aumentando a automatização dos processos, substituindo tarefas com valor reduzido, exigindo novas competências e mais qualificações aos trabalhadores) e estimulando novos modelos de negócio.

Com as vicissitudes internacionais que conhecemos (políticas protecionistas e “Brexit"), a que se juntam os novos riscos e exigências impostas pelo processo de globalização, é essencial continuar a transformar a economia portuguesa, promovendo uma melhor produtividade tendo em vista o reforço da sua competitividade.

Importa prosseguir a aposta estratégica de políticas públicas assentes na promoção de mais crescimento, mais sustentabilidade e mais eficiência produtiva, onde a políticas de clusters e a adaptação à nova era digital são absolutamente decisivas. A aposta em mais e melhores qualificações (e evolução equilibrada entre aumento de salários e crescimento económico), do estreitar da relação entre tecnologia, inovação e o tecido económico, e da colaboração entre a indústria e os centros de saber serão determinantes para o crescimento da produtividade, para uma boa utilização dos nossos recursos e para a criação de mais e melhor emprego, fator chave para que Portugal continue a convergir com a União Europeia de forma coesa, sustentável e douradora.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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