Mussolini, laços familiares e outras curiosidades das eleições europeias

Bisneto de ditador italiano é candidato por partido de extrema-direita. Varoufakis candidata-se na Alemanha. O PÚBLICO compilou as candidaturas mais curiosas da eleição que terá lugar entre os dias 23 e 26 de Maio.

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Eleições para o Parlamento Europeu irão decorrer entre os dias 23 e 26 de Maio PATRICK SEEGER/EPA

Por toda a Europa já se vota nas Eleições Europeias. O PÚBLICO seleccionou as candidaturas mais curiosas para o leitor ter em atenção. 

Mussolini de nome e, aparentemente, de ideais

Caio Giulio Cesare Mussolini, bisneto do ditador italiano Benito Mussolini, é candidato às eleições europeias pela força partidária de extrema-direita Irmãos de Itália. A candidatura foi anunciada pela líder do partido, Giorgia Meloni, no início de Abril. No vídeo partilhado no Facebook, o pano de fundo é o Palazzo della Civiltà, em Roma, um dos exemplos mais conhecidos da arquitectura fascista da década de 1940.

O homem de 50 anos — que chegou a ser oficial na Marinha — nasceu na Argentina e é neto de Vittorio, o segundo de cinco filhos reconhecidos pelo ditador italiano. Benito Mussolini terá tido outros tantos descendentes fora do matrimónio. Para além do bisavô, Caio sempre teve ligações familiares com o campo da extrema-direita: o pai, Guido, foi um activista do partido radical Forza Nuova, cujo líder, Roberto Fiore, se descreve como fascista. Caio torna-se, assim, o terceiro descendente de Benito Mussolini a enveredar pela vida política. 

A prima em segundo grau do candidato às eleições europeias, Alessandra Mussolini, é actualmente eurodeputada. A mulher de 56 anos soma a segunda passagem por Estrasburgo: a primeira ocorreu entre 2004 e 2008, no Alternativa Sociale, partido de extrema-direita. Desde 2014 Alessandra é faz parte da lista do Forza Italia, comandando por Silvio Berlusconi, partido autodenominado de “centro-direita”. 

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Alessandra Mussolini será novamente candidata ao Parlamento Europeu VINCENT KESSLER / REUTERS

Restam poucas duvidas de que Caio foi escolhido pelo apelido — e pela ligação de sangue ao ditador, que governou Itália durante duas décadas, entre 1922 e 1943. Numa entrevista ao jornal Il Messagero, Caio Mussolini afirmou que estará “sempre orgulhoso” do nome de família e espera que os eleitores apreciem a “marca Mussolini”.

Apesar de Caio e Giorgia Meloni terem sempre recusado utilizar referências explícitas ao antepassado do agora candidato, os cartazes para as eleições europeias dizem que este representa a “história” italiana.

O próprio apelido de Caio já lhe causou problemas nas redes sociais: no início do mês de Abril, o Facebook apagou-lhe a conta, depois de uma revisão a contas que pudessem estar ligadas a grupos de extrema-direita. “Acho isto vergonhoso, antidemocrático e politicamente incorrecto. Estou indignado e chateado pela atitude discriminatória que o Facebook continua a adoptar perante os membros da minha família, bem como para comigo”, afirmou  

Laços familiares, versão Europa

Se em Portugal se discutiram as relações familiares no Governo de António Costa, olhe-se para a lista de candidatos às eleições europeias.

Em Dublin, Alice Mary Higgins, filha do presidente irlandês Michael D. Higgins, é candidatas ao Parlamento Europeu. A independente fez questão de deixar bem claro que o pai não faria campanha em seu nome. “Não acho que fosse apropriado que ele apoiasse algum candidato. Qualquer pessoa que me viu na política sabe que nunca usei, ou procurei usar, essa ligação”, garantiu, citada pelo The Times. Na Irlanda, as eleições são sexta-feira. 

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Alice Mary Higgins (à esquerda do presidente) rejeitou qualquer apoio do pai Cathal McNaughton / REUTERS

Em Inglaterra, que votou nesta quinta-feira, a irmã do conservador Jacob Rees-Mogg é candidata nas eleições europeias pelo Partido do Brexit de Nigel Farage. Annunziata Rees-Morgan, jornalista e antiga candidata dos Conservadores, prometeu “ouvir o que as pessoas têm a dizer”.

Varoufakis é candidato…na Alemanha

Nas eleições de Maio, serão cerca de duas dezenas de candidatos que representarão partidos sediados em países que não os dos quais são naturais. 

O caso mais conhecido é o de Yannis Varoufakis. O político grego — e ex-ministro das Finanças de Alexis Tsipras — é candidato do Movimento Europeu da Democracia na Europa 2025  (DiEM25) na Alemanha. No período em que fez parte do governo, Varoufakis criticou ferozmente as políticas de austeridade defendidas por Berlim.

“Aceitei [a nomeação] porque acho que representa a nova política transnacional que precisamos na Europa”, explicou, em conferência de imprensa. “Na teoria, a Alemanha está a afogar-se em dinheiro, mas a população alemã tem sido vítima da mesma austeridade que o resto da Europa. O resultado é níveis baixos de investimento”, acrescentou o político grego, garantindo que, se for eleito, dará especial atenção a políticas ecológicas que permitam atenuar os efeitos da mudança climática.

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