Austeridade grega é má para toda a Europa, diz Varoufakis

Maioria dos alemães é favorável à continuidade da Grécia na zona euro, revela nova sondagem.

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REUTERS/Marko Djurica

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, que começa este domingo em Paris uma ronda europeia destinada a reunir apoios para a renegociação da dívida pública grega, afirma numa entrevista que o programa de austeridade levado a cabo no seu país é “muito prejudicial para toda a Europa”.

“Somos contra [o programa de austeridade], não só porque não beneficia a Grécia, mas também porque é muito prejudicial para toda a Europa”, disse o ministro ao jornal grego To Vima.

“Não nos esqueçamos que isto é mais do que uma crise grega. Temos a Itália, cuja dívida não é viável; a França, que sente a deflação soprar na sua nuca; e até a Alemanha entrou em deflação”, disse Varoufakis, citado pela AFP.

O ministro grego irá encontrar-se esta tarde com o seu homólogo francês, Michel Sapin, e o ministro da Economia, Emmanuel Macron, seguindo-se, nos próximos dias, Londres e Roma. Nenhuma escala prevista para Berlim, a capital europeia mais intransigente perante as pretensões de Atenas.

Apesar de o governo alemão ter deixado a porta aberta a uma possível “Grexit” antes das eleições gregas do passado domingo, a maioria dos alemães é a favor da permanência daquele país na zona euro. Segundo uma nova sondagem, publicada este domingo no jornal Bild am Sonntag, 62% dos alemães são favoráveis à manutenção da Grécia no euro e apenas 26% querem o país fora da moeda única.

Numa entrevista publicada sábado, Angela Merkel descartou qualquer possibilidade de alívio da dívida grega. A sondagem do Bild revela que 68% dos alemães são contra uma reestruturação da dívida.

Na sua agitada primeira semana, depois de vencer as eleições do passado domingo, o novo governo de Alexis Tsipras recebeu representantes de instituições europeias em Atenas, mas o clima nem sempre foi o mais conciliador. Em particular, as declarações de Varoufakis sobre a troika – isto é, o anúncio de que Atenas não pretende negociar com os delegados internacionais encarregados de fiscalizar o programa de austeridade fiscal na Grécia – causaram crispação na Europa. Os meios de comunicação social já encontraram o seu ângulo de cobertura jornalística: Grécia (e França, e talvez Itália) versus Alemanha (e, Portugal, Espanha e Irlanda), como David contra Golias.

Mas Atenas parece ter adoptado um tom mais diplomático nos últimos dias. “Ninguém quer entrar em conflito e nunca foi nossa intenção agir de maneira unilateral no que diz respeito à nossa dívida”, declarou o primeiro-ministro grego este sábado.

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