Brexit? Portugal seduz os turistas britânicos com o #Brelcome

A campanha que o Turismo de Portugal lançou no Reino Unido para dar as boas-vindas aos turistas já terá chegado a 8 milhões de pessoas. “Com ou sem Brexit”, diz-se, “nenhuma fronteira irá separar-nos”.

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“A nossa areia nunca o abandonará”, “os nossos pores-do-sol nunca o abandonarão”. São promessas da recente campanha emocional lançada pelo Turismo de Portugal dirigida aos turistas britânicos. Há mais, que as ondas ou os sabores também “nunca abandonarão" estes turistas fulcrais para o Turismo português e daí a garantia de que todas estas atracções lusas continuarão aos dispor de todos: “Portugal nunca vos abandonará”, “com ou sem Brexit”.

A campanha foi anunciada em Março e começa agora a ter verdadeiro impacto, inclusive internacional: a agência Reuters, por exemplo, acaba de reportar esta sexta-feira que “num Portugal ávido de turistas, Brexit significa Brelcome” – o trocadilho mistura Brexit (o termo cunhado para a saída do país da União Europeia) e welcome, bem-vindo em inglês. “Pensámos que era o momento certo para dizer a um muito bom amigo que nunca o abandonaremos”, diz à agência Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal.

Já em comunicado no lançamento da campanha, o Turismo dizia que “Portugal quer que os cidadãos britânicos saibam que serão sempre bem-vindos ao nosso país”: “Nunca deixaremos de estar com quem partilhamos a mais antiga aliança do mundo”.

Nas páginas da campanha podem ler-se frases que apelam à emoção, à história, ao sentido de humor, à aliança entre portugueses e britânicos. “Às vezes a vida prega-nos partidas”, diz-se em tom de conversa entre amigos, “e traz algumas mudanças. Mas há algumas coisas que permanecerão as mesmas”. O Reino Unido é "uma parte da nossa história e juntos, como aliados, mudámos o rumo do mundo. Nenhuma fronteira irá separar-nos”, pode ler-se.

Há até um tom poético aqui e ali: “o sentido de humor e entusiasmo pela vida fará sempre parte da areia das nossas praias, dos nossos campos de golfe, das nossas adegas e dos nossos festivais de música”.

Tudo para chegar às punchlines essenciais: “Brexit pode ser a palavra do dia, mas de nós ouvirão sempre Brelcome”, “Portugal nunca vos abandonará”.

Segundo dados do Turismo de Portugal, em nota à imprensa esta semana, a campanha #Brelcome, que inclui uma linha de atendimento online aos britânicos, já chegou a “mais de 8 milhões de pessoas” nas redes sociais e plataformas digitais.

Teve até impacto junto do Governo escocês: no Twitter do portal Scotland is now (um portal global dedicado ao país) enviou uma mensagem ao Governo português, ao Turismo de Portugal e, presume-se, a Portugal em geral: “obrigado pela campanha #Brelcome”, acrescentando na mensagem um vídeo institucional, também ele pleno de emoções e também ele a lembrar que a Escócia continua “aberta” à Europa.

O #Brelcome e o mercado britânico

A campanha #Brelcome, um “investimento de 200 mil euros” que se prolonga até Junho, integra o “plano de contingência” português para o mercado do Reino Unido, o principal mercado emissor de turistas para Portugal (são 17% do total). Problema: até Novembro, e durante os 13 meses anteriores, o número de turistas britânicos a visitarem o país não parou de diminuir, com o Algarve e Madeira a recearem tempos piores, embora mais recentemente estes valores, em termos globais, tenham começado a ser mais positivos. Ainda assim o Algarve, embora espere encher na Páscoa, antecipa menos ingleses (registou menos 6% já no primeiro trimestre). 

Portugal, como refere o Turismo, foi “pioneiro” na adopção de um plano de contingência na Europa direccionado aos britânicos durante a viagem do Brexit para o desconhecido, garantindo aos cidadãos do Reino Unido que “irão manter as condições” de que “beneficiam actualmente”. Exemplos: “isenção de vistos, criação de corredores dedicados nos aeroportos ["explorando a possibilidade de tratamento diferenciado para os voos provenientes do Reino Unido”], utilização dos seguros de saúde ou reconhecimento das cartas de condução”. No documento do plano já se indicava, inclusive, a possibilidade de “utilização do Serviço Nacional de Saúde” ou até mesmo “condições facilitadas de transportes para animais de companhia”.

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