Algarve espera casa cheia na Páscoa, com menos ingleses e mais portugueses

Quebra do mercado britânico, principal emissor de turistas, ronda os 6% no primeiro trimestre. Perspectivas da hotelaria são positivas para a época.

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Com a Páscoa "tardia" e a proximidade ao feriado de 25 de Abril, alguns portugueses poderão gozar umas "miniférias" nesta época Nuno Ferreira Santos

A hotelaria do Algarve espera que o mercado interno compense a descida da procura turística do Reino Unido, na sequência do “Brexit" e da desvalorização da libra, e por isso prevê uma Páscoa sem sobressaltos e com casa cheia. 

 "A ocupação na Páscoa aproximar-se-á dos 100% e este ano não teremos uma quebra tão acentuada, como sucede quando a Páscoa acontece em Março”, afirma o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).​ A Páscoa “tardia”, como acontece em 2019, acaba assim por marcar o início da chamada época turística, o que significa que não haverá “um período de descida da procura” após esta época festiva, salienta Elidérico Viegas.

“As perspectivas são mais ou menos idênticas” às de 2018, diz o líder da hotelaria algarvia. Ou seja, espera-se uma “descida da procura por parte do mercado britânico, na linha do que vem acontecendo nos últimos dois anos e desde Janeiro”, mas que poderá ser compensada com "um aumento da procura interna por parte dos nacionais, que também caracteriza a procura neste período”.

Além disso, o sector conta com "aqueles mercados que individualmente não representam muito, mas que, todos juntos, ajudam a esbater as quebras que se verificam no mercado britânico em consequência do ‘Brexit' e da desvalorização da libra”, acrescentou.

No Algarve, a procura britânica desceu 8,5% em 2017, em 2018 a quebra foi de 6% e no primeiro trimestre foi de cerca de 6%, diz Elidérico Viegas. Em termos nacionais, o mercado britânico tem uma quota de 17%, é o maior emissor de turistas para Portugal e o recuo tem tido impacto em regiões como o Algarve e a Madeira.

Além da incerteza política e da fraqueza da libra, a recuperação da Turquia, Egipto e Tunísia, bem como perturbações como a falência da Air Monarch, ajudam a explicar esta quebra.

Porém, os dados de Novembro de 2018, referentes aos primeiros dez meses desse ano, mostravam que as receitas subiam apesar da queda no número de hóspedes britânicos, com um incremento de 17%, para 2189 milhões de euros. E Novembro tinha trazido boas notícias para o país, com um aumento de 7,6% nas dormidas de hóspedes britânicos, a primeira subida em 13 meses.

Meteorologia promete ajudar

A proximidade da Páscoa com os feriados de 25 de Abril e 1 de Maio vai também, segundo Elidérico Viegas, “contribuir para que as ocupações mantenham níveis bastante elevados ao longo de todo este período, em vez de apenas naqueles dias específicos da Páscoa”.

João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, também tem expectativas “muito boas” para esta época, “com bom tempo” e a possibilidade de umas autênticas “miniférias”, dado haver o feriado de 25 de Abril, que é na quinta-feira subsequente à Páscoa.

Fernandes destaca a importância do mercado nacional e espanhol durante a Páscoa, que este ano culmina no domingo, 21 de Abril. “Acaba por ter um efeito de arrastamento em relação ao arranque da época de maior procura”, justifica.

Para complementar a oferta de sol e praia, o Algarve terá neste período diversos programas culturais, reforça o mesmo responsável. São Brás de Alportel será palco da festa das Tochas Floridas, no domingo de Páscoa, Loulé propõe o festival de caminhadas do Ameixial, entre 26 e 28 de Abril, e um concerto de Mário Laginha e o Quarteto de Matosinhos, a 18 de Abril, por exemplo.

“Para além do bom tempo e dos recursos naturais por que somos conhecidos, temos também uma boa programação de espectáculos e temos também alguns desafios para quem nos visita”, refere, aludindo ainda aos passeios de barco para ver golfinhos, sky diving no aeródromo de Portimão, e karting ou voltas em carros de competição no autódromo do Algarve.

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