A aventura dos primos Fiennes pelo Nilo

Série de três episódios sobre a viagem de Ranulph e Joseph Fiennes estreia-se este sábado à tarde na National Geographic.

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Joseph Fiennes e Ranulph Fiennes viajaram durante 21 dias National Geographic
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Ranulph e Joseph Fiennes conheceram-se há 20 anos National Geographic
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Um dos desafios para Joseph Fiennes foi ter de conduzir pelas dunas do deserto National Geographic
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Esta série está dividida em três episódios National Geographic

Num sítio arqueológico em El Minya (no Egipto), o actor Joseph Fiennes e o explorador Ranulph Fiennes descem a um anexo subterrâneo onde encontram cobras, escorpiões e sarcófagos com múmias. Como o sítio tinha sido descoberto há poucas semanas, o actor e o explorador são dos primeiros visitantes. Mas o que estão eles ali a fazer? Esta é uma das paragens da série Explorar o Egipto com Ranulph e Joseph Fiennes. Nesta série de três episódios de 60 minutos, que se estreia este sábado na National Geographic às 15h30, os dois primos percorrem o Egipto para assinalar o 50.º aniversário da expedição de Ranulph Fiennes ao longo do rio Nilo.

Joseph Fiennes e Ranulph Fiennes conheceram-se há 20 anos numa festa de família. “Quando conheci o meu primo, fiquei logo com vontade de trabalhar com ele”, conta o actor numa conversa com o PÚBLICO e outros jornalistas durante a apresentação da série em Londres. “Afinal, cresci com as histórias incríveis do Ran contadas pelo meu pai.”

Ranulph Fiennes, agora com 75 anos, fez a sua primeira expedição ao glaciar de Jostedal, na Noruega, em 1967. A partir daí já explorou praticamente todo o planeta: subiu ao cume do Evereste, liderou a expedição que descobriu uma cidade perdida em Omã ou atravessou a Antárctida a pé. Já Joseph Fiennes é conhecido pelo seu papel no filme A Paixão de Shakespeare (1998) e actualmente é o comandante Fred Waterford na série The Handmaid's Tale.

Como juntar um actor e um explorador num projecto? Ranulph Fiennes começou por sugerir que Joseph Fiennes interpretasse um papel no filme Killer Elite (2011) inspirado no seu livro The Feather Men (1991). Mas o papel acabou por ir para Robert De Niro.

A ideia de uma nova viagem ao Nilo acabou por vir de um colega de Joseph Fiennes, que o alertou para a comemoração do 50.º aniversário da expedição de Ranulph Fiennes pelo rio Nilo. Nessa expedição – uma homenagem aos exploradores do século XIX Samuel Baker e Richard Burton –, o explorador percorreu o Egipto, o Sudão e o Uganda em 45 dias. “Li o livro de 1970 A Talent For Trouble [sobre a expedição de 1969] e pensei que tínhamos de a repetir”, relembra Joseph Fiennes.

O aprendiz e o mestre

“Sou o Joe Fiennes e estou no Egipto para uma aventura única.” É assim que o actor nos recebe no primeiro episódio da série Explorar o Egipto com Ranulph e Joseph Fiennes. A partir daí, vemos Joseph Fiennes a conduzir no trânsito em Alexandria ou no deserto do Sara a 48 graus Celsius. Vemos um “encantador de cobras” a adormecer as “criaturas mais mortíferas do deserto” e o medo na cara de Joe Fiennes. Observamos ainda como Ran Fiennes detecta o medo do seu primo. Mas também há momentos mais intimistas como quando o explorador conta ao actor que o seu pai morreu depois de uma batalha na Segunda Guerra Mundial.

“No fundo, esta série foi uma exploração da minha relação com o meu primo e do nosso legado”, diz Joseph Fiennes aos jornalistas. “O meu objectivo é que quando alguém vir esta série fique inspirado e vá procurar um segundo primo e faça o mesmo que eu. Tudo se resume à história e aos nossos legados. Se nos movermos pela ignorância e não pelo passado, iremos repetir coisas terríveis.”

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Esta foi a primeira vez que Joseph Fiennes fez uma viagem deste género National Geographic

Ao todo, os primos Fiennes percorreram 2500 quilómetros durante 21 dias. A temperatura mais alta que enfrentaram foi 51 graus Celsius e a viagem mais longa de 12 horas. Mas se estas condições eram normais para Ranulph Fiennes, não foram para Joseph Fiennes. Afinal, esta foi a sua primeira viagem deste género.

Mas o actor contou com as aprendizagens de um mestre nestas andanças. “Aprendi que tenho de me preparar muito bem para não correr nenhum risco. Definitivamente, aprendi com o Ran que para fazer o que ele faz temos de ter tudo planeado”, refere Joe Fiennes. Outro dos desafios foi ter de viajar pelo deserto num Land Rover sem GPS. “Tens de confiar nas pessoas que estão contigo e tens de seguir as estrelas e as constelações.”

Também teve a oportunidade de conhecer outras curiosidades sobre o seu primo. “A minha maior surpresa foi que ele adora chocolate. Tem sempre um bocadinho porque precisa de energia.” Embora esta viagem tenha sido sobre o que Ranulph Fiennes lhe poderia ensinar, Joseph Fiennes descobriu que é competitivo. Como? O actor decidiu que queria fazer um desvio do Nilo e ir visitar o mar Vermelho, mas o explorador não tornou esse objectivo fácil de concretizar. “Estávamos sempre a competir para ver se eu conseguia lá chegar.” No final, Joseph Fiennes conseguiu mesmo visitar o mar Vermelho.

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Joseph Fiennes antes de entrar num anexo subterrãneo National Geographic

Joseph Fiennes assume que será sempre um explorador diferente do seu primo. “Acho que a exploração está um pouco em todos nós. Não preciso de ir para outro país para ser um explorador. Quando estou a estudar personagens também estou a ser um explorador”, considera.  

E, mesmo sendo um principiante em expedições, Joseph Fiennes revela que o medo não foi um inimigo. “Ouvi falar nas víboras que nos fazem sangrar os olhos e nos matam em 20 minutos, mas não tive tempo de ter medo porque estava feliz e me senti um sortudo por ter esta oportunidade.” O único momento em que sentiu que estava em perigo foi no anexo subterrâneo por causa dos escorpiões e do perigo de desmoronamento. 

A situação que mais marcou o actor aconteceu na Grande Pirâmide de Gizé, onde  passou uma noite. “Houve um momento em que o Ran estava a cantar uma música na Grande Pirâmide e a acústica era incrível. Lá todos podemos ser a Maria Callas”, conta. Já para Ranulph Fiennes o grande momento foi quando visitaram El Alamein. “Estou mesmo agradecido por ter lá ido porque o meu pai morreu em Itália, mas ficou gravemente ferido na Batalha de Alamein [durante a Segunda Guerra Mundial]”, revela num comunicado da National Geographic.

Agora, Joseph Fiennes assume que ficou com o “bichinho” por este tipo de viagens e que gostaria de conhecer povos indígenas e entender como respeitam a natureza. Também revela que o seu primo já lhe sugeriu outra expedição. Mas, aos jornalistas, o actor apenas adianta: “Com um sorriso na cara, o Ran falou-me numa viagem com água fria e gelo. Ele já tem tudo planeado.” Podemos então dizer que a aventura está no ADN da família Fiennes.

O PÚBLICO viajou a convite da National Geographic

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