PSD falha acareações de oficiais-generais na comissão de Tancos

Tenente-coronel da GNR afirmou desconhecer despacho da Procuradoria que atribuia a investigação à PJ e permitiu a três homens colaborarem com a PJM.

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O oficial da GNR no Parlamento LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

As acareações entre o ex-chefe do Estado-Maior do Exército (EME), Rovisco Duarte, e os tenentes-generais Faria de Menezes e Antunes Calçada, solicitadas pelo PSD e pelo CDS, foram esta tarde recusadas na comissão parlamentar de Tancos. O PSD, que tem sete deputados na comissão, estava na altura da votação representado por três parlamentares.

Confrontar os oficiais Faria de Menezes, que esteve à frente do Comando das Forças Terrestres, e Antunes Calçada, antigo comandante de Pessoal, com as acusações de Rovisco Duarte, algumas de índole pessoal, outras relativas à sua capacidade profissional, foi avançada pelo PSD ainda durante a audiência do antigo chefe do EME. A oposição de versões sobre o assalto a Tancos era gritante entre a antiga cúpula do Exército.

A acareação foi então anunciada e o maior partido do Parlamento teve a secundá-lo, nesta iniciativa, o CDS, a formação proponente da comissão de inquérito. O confronto de pontos de vista entre aqueles oficiais iria decorrer de forma peculiar. Não haveria duelo dialéctico presencial, cada um seria novamente ouvido per si, tendo Carlos Peixoto, do PSD, avançado com uma audição à porta fechada, que seria a primeira dos três meses de trabalho até agora decorridos. Já Telmo Correia, do CDS, defendia uma sessão aberta aos órgãos de comunicação.

Mas este debate não chegou a ocorrer. A favor das acareações votou o representante do CDS e três dos sete deputados do PSD. Com uma bancada diminuída em quatro elementos, a aritmética parlamentar foi fatal aos defensores do confronto entre oficiais-generais, ainda que de forma diferida. Contra votou o PS, na totalidade da sua representação, e Jorge Machado, do PCP. O Bloco absteve-se. Se os deputados do PSD tivessem comparecido na sua integridade, haveria um empate e, portanto, as acareações não teriam lugar. Contudo, o proponente da medida surpreendeu ao desistir de lhe dar apoio.

Na audição desta quinta-feira foi ouvido o tenente-coronel Luís Sequeira, chefe da secção de investigação criminal da GNR de Faro. O militar admitiu desconhecer o despacho da Procuradoria-Geral da República que atribuía a investigação do caso de Tancos à PJ, pelo que não se opôs à colaboração do sargento Lima Santos e dos guardas Gonçalves e Ataíde nas diligências da Polícia Judiciária Militar, que terminariam com o achamento do material roubado na Chamusca. Os três membros da GNR estão entre os acusados da Operação Húbris.

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